Delineando a pesquisa clínica 4a Ed

(AlbertoBarroso) #1

CAPÍTULO 10


Delineando um ensaio clínico


randomizado cego


Steven R. Cummings, Deborah Grady e Stephen B.


Hulley


Em um ensaio clínico, o investigador aplica uma intervenção e observa
os seus efeitos sobre um ou mais desfechos. A principal vantagem de um
ensaio clínico em relação a um estudo observacional é sua capacidade de
demonstrar causalidade. A alocação aleatória da intervenção minimiza
a influência de variáveis confundidoras, e o cegamento pode minimizar a
possibilidade de os efeitos aparentes serem explicados por diferenças no
uso de cointervenções nos grupos de tratamento e controle ou por vieses
na mensuração ou adjudicação dos desfechos.
Entretanto, um ensaio clínico geralmente apresenta custo elevado,
demanda tempo, aborda uma questão restrita e às vezes expõe os
participantes a potenciais danos. Por esses motivos, devem ser
reservados para questões de pesquisa já amadurecidas e quando estudos
observacionais e outras linhas de evidência sugerem que uma intervenção
possa ser eficaz, mas faltam evidências mais fortes para que ela possa ser
aprovada ou recomendada. Nem todas as questões de pesquisa são
passíveis de serem estudadas por um delineamento como o ensaio clínico.
Por exemplo, não é factível estudar se o tratamento medicamentoso para
colesterol-LDL elevado em crianças previne infarto muitas décadas
depois e não é ético randomizar as pessoas para fumar cigarros reais ou
falsos para determinar o efeito sobre o câncer de pulmão. Mesmo assim,
sempre que possível, devem-se obter evidências de ensaios clínicos sobre
a eficácia e segurança das intervenções clínicas.
Este capítulo enfoca o delineamento do já clássico ensaio clínico
randomizado cego: como escolher a intervenção e o controle, definir os
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