Delineando a pesquisa clínica 4a Ed

(AlbertoBarroso) #1

planejou o estudo Multiple Outcomes of Raloxifene Evaluation Trial, não
havia certeza sobre a melhor dose do raloxifeno (60 ou 120 mg), então, o
estudo testou duas doses diferentes para a prevenção de fraturas vertebrais
(1). Isso pode ser uma alternativa razoável, mas tem custos: um ensaio
clínico maior e com custo mais elevado, além da complexidade de se lidar
com hipóteses múltiplas (Capítulo 5).
Certos tratamentos costumam ter a dose ajustada de modo a otimizar o
efeito para cada paciente. Nessas circunstâncias, o melhor a fazer é
planejar uma intervenção que garanta que a dose do medicamento ativo
possa ser tateada para alcançar um desfecho clínico-alvo, como a
redução da carga viral de hepatite C. Para manter o cegamento, mudanças
correspondentes também devem ser feitas na “dose” do placebo (por
alguém não envolvido no ensaio clínico) para um participante do grupo-
controle selecionado aleatoriamente ou pareado.
Ensaios clínicos que testam intervenções isoladas são geralmente mais
fáceis de planejar e de implementar do que os que testam combinações de
tratamentos. No entanto, combinações de tratamentos são usadas para
tratar muitas condições clínicas, como infecção pelo HIV ou insuficiência
cardíaca. A desvantagem principal de se testar combinações de
tratamentos é que o resultado não poderá fornecer conclusões claras sobre
nenhum dos elementos das intervenções. Em um dos ensaios clínicos do
Women’s Health Initiative, por exemplo, mulheres pós-menopáusicas
foram tratadas com estrogênio mais progestogênio ou placebo. A
intervenção aumentou o risco de vários desfechos, incluindo câncer de
mama, no entanto, ficou a dúvida sobre se o efeito se deveu ao estrogênio
ou ao progestogênio (2). Em geral, é preferível delinear ensaios clínicos
com apenas uma diferença importante entre dois grupos de estudo.
É importante avaliar o quão receptivos os participantes serão à
intervenção proposta e se ela poderá ser mascarada. Deve-se considerar
também se intervenção poderá ser incorporada na prática médica.
Intervenções simples são geralmente melhores do que as mais
complicadas (é mais fácil garantir que os pacientes tomem um
comprimido uma vez ao dia do que injeções subcutâneas duas ou três
vezes ao dia). Intervenções complicadas com aspectos qualitativos, como
aconselhamento multifacetado de pacientes sobre mudanças no
comportamento, podem não ser factíveis, por serem difíceis de replicar,

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