Delineando a pesquisa clínica 4a Ed

(AlbertoBarroso) #1

APÊNDICE 11A


Especificando a margem de não inferioridade em


um ensaio clínico de não inferioridade


Uma das decisões mais difíceis ao planejar um ensaio clínico de não
inferioridade é estabelecer qual nível de perda de eficácia do novo
tratamento seria considerado inaceitável (7), referido como “Δ” e
denominado margem de não inferioridade. Essa decisão baseia-se em
considerações estatísticas e clínicas sobre a potencial eficácia e as
potenciais vantagens do novo tratamento, além de requerer julgamento
por pessoas com experiência no assunto. A seguir apresentamos um
exemplo de como isso funciona:

EXEMPLO 11.1 Delineando um estudo para comparar um
novo medicamento com a varfarina em pacientes com
fibrilação atrial
A varfarina reduz o risco de acidente vascular encefálico em
pacientes de alto risco com fibrilação atrial; portanto, um novo
medicamento com essa finalidade deveria ser comparado com esse
tratamento-padrão já estabelecido. Quando a varfarina é utilizada para
reduzir o risco de acidente vascular encefálico em situações como
essa, é difícil fazer o ajuste correto da dose, além de serem
necessárias múltiplas coletas de sangue para monitorar a
anticoagulação, havendo também risco de hemorragia importante. Se
houver um novo medicamento que não tenha essas desvantagens,
seria lógico preferir esse novo medicamento em relação à varfarina,
mesmo que sua eficácia na redução do risco de acidente vascular
encefálico seja um pouco inferior.
Uma abordagem para definir o Δ é realizar uma metanálise de
ensaios clínicos anteriores sobre varfarina comparada com placebo e
definir o Δ como estando em alguma proporção da distância entre a
nulidade e o limite inferior do efeito terapêutico da varfarina. Uma
vez que os estudos incluídos nas metanálises frequentemente variam
muito em termos de qualidade metodológica, uma opção mais
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