Delineando a pesquisa clínica 4a Ed

(AlbertoBarroso) #1
testes positivos em pacientes com uma determinada indicação para a
realização do teste. Infelizmente, demonstrar que um teste é
frequentemente positivo não é suficiente para indicar que ele deve ser
realizado. No entanto, um estudo sobre rendimento diagnóstico que
demonstra que um teste é quase sempre negativo pode ser suficiente
para questionar sua utilidade para essa indicação.
Por exemplo, Siegel e colaboradores (18) estudaram o rendimento da
coprocultura em pacientes hospitalizados com diarreia. Embora nem
todos os pacientes com diarreia façam coprocultura, parece lógico
pressupor que aqueles que fazem têm maior probabilidade de apresentar
cultura positiva do que aqueles que não fazem. Apenas 40 (2%) das
1.964 coproculturas foram positivas. Além disso, nenhuma das
coproculturas positivas era proveniente dos 997 pacientes internados no
hospital há mais de três dias. Como é pouco provável que uma
coprocultura negativa afete o manejo desses pacientes com baixa
probabilidade de diarreia bacteriana, os autores concluíram que a
coprocultura tem pouco valor em pacientes com diarreia internados há
mais de três dias.


  • Estudos do tipo antes/depois sobre tomada de decisões clínicas.


Esses delineamentos avaliam o efeito direto que o resultado de um teste
tem sobre decisões clínicas e geralmente comparam aquilo que os
clínicos fazem (ou dizem que fariam) antes e depois de obterem os
resultados de um teste diagnóstico. Por exemplo, Carrico e
colaboradores (19) estudaram prospectivamente o valor da
ultrassonografia abdominal em 94 crianças com dor aguda no abdome
inferior. Os médicos que solicitaram as ultrassonografias foram
orientados a registrar sua impressão diagnóstica e a indicar o tratamento
como se não houvesse ultrassonografia disponível. Após a
ultrassonografia ter sido realizada e o seu resultado informado aos
médicos, estes foram questionados novamente sobre suas impressões. A
informação fornecida pela ultrassonografia alterou o plano de
tratamento inicial em 46% dos pacientes.
É claro que, como discutido mais adiante, a alteração de uma decisão
clínica não quer dizer que o paciente será necessariamente beneficiado
e, de fato, algumas decisões alteradas podem ser mostrar danosas. Os
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