Delineando a pesquisa clínica 4a Ed

(AlbertoBarroso) #1

É pouco provável que o teste, por si só, traga algum benefício direto para
a saúde do paciente. O paciente apenas se beneficia quando o resultado de
um teste leva a intervenções preventivas ou terapêuticas eficazes (22).
Portanto, uma limitação importante dos estudos sobre desfechos de testes
diagnósticos é que a variável preditora em estudo não é apenas um teste
(p. ex., teste de sangue oculto nas fezes), mas todo o cuidado médico que
o acompanha (p. ex., procedimentos para o seguimento de resultados
anormais, colonoscopia, etc.).
O ideal é que a variável de desfecho em estudos como esses seja uma
medida de morbidade ou mortalidade, e não apenas um diagnóstico ou
estágio da doença. Por exemplo, não basta mostrar que homens rastreados
para câncer de próstata têm uma proporção maior de cânceres
diagnosticados precocemente para mostrar o valor do rastreamento (23,
24). Muitos desses cânceres não teriam causado nenhum problema se não
tivessem sido detectados.
Os desfechos devem ser suficientemente abrangentes para incluir
efeitos adversos plausíveis do teste e do tratamento, podendo incluir
efeitos psicológicos e médicos do teste. Portanto, um estudo sobre o
rastreamento com o antígeno prostático específico para câncer de próstata
deveria incluir impotência ou incontinência relacionadas ao tratamento,
além da morbidade e mortalidade relacionadas ao câncer. Quando o
número de pessoas testadas é muito maior do que aqueles com provável
benefício (e isso geralmente é o caso), desfechos adversos menos graves
nos indivíduos sem a doença se tornam importantes, uma vez que
ocorrerão com maior frequência. Embora, por um lado, encontrar
resultados negativos para o teste seja reconfortante ou mesmo um alívio
para alguns pacientes (25), por outro lado, os efeitos psicológicos do
rótulo ou de resultados falso-positivos, perdas de seguros de saúde e
efeitos colaterais problemáticos (mas não fatais) de medicamentos ou
procedimentos cirúrgicos preventivos podem sobrepujar os benefícios
pouco frequentes (24).



  • Estudos observacionais. Estudos observacionais são geralmente mais
    rápidos, mais fáceis e menos dispendiosos do que ensaios clínicos. No
    entanto, também têm desvantagens consideráveis, especialmente porque
    os pacientes testados tendem a diferir dos não testados em pontos

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