Delineando a pesquisa clínica 4a Ed

(AlbertoBarroso) #1

por ensaios clínicos randomizados, além de permitir investigar questões
de pesquisa que os ensaios clínicos não conseguem responder. Esses tipos
de dados existentes incluem bases eletrônicas de dados administrativos
e clínicos, como as desenvolvidas pelo Medicare, pelo Department of
Veterans Affairs, pelos Kaiser Permanente Medical Groups, pelo Duke
Cardiovascular Disease Databank, e por registros como o San Francisco
Mammography Registry e o National Registry of Myocardial Infarction.
Dados dessas fontes (muitos dos quais podem ser obtidos na internet)
podem ser muito úteis para estudar eventos adversos raros e para avaliar a
utilização e a efetividade reais de uma intervenção já demonstrada como
eficaz em um ensaio clínico. Por exemplo, o National Registry of
Myocardial Infarction foi usado para avaliar fatores de risco para
hemorragia intracraniana após o tratamento com um ativador tecidual do
plasminogênio recombinante (tPA) em pacientes com infarto do
miocárdio. O registro incluía 71.073 pacientes que receberam tPA; 673
tiveram hemorragia intracraniana confirmada por TC ou RM. Uma análise
multivariada mostrou que uma dose de tPA superior a 1,5 mg/kg estava
significativamente associada ao desenvolvimento de hemorragia
intracraniana quando comparada com doses menores (6). Como o risco
global de se desenvolver hemorragia intracraniana era de menos de 1%,
um ensaio clínico que coletasse dados primários para examinar esse
desfecho teria tamanho e custo proibitivos.
Outra contribuição valiosa desse tipo de análise de dados secundários é
uma melhor compreensão da diferença entre eficácia e efetividade. O
ensaio clínico randomizado é o padrão-ouro para se determinar a eficácia
de uma terapia em uma população selecionada, sob circunstâncias
controladas em contextos clínicos restritos. No “mundo real”, no entanto,
os pacientes que são tratados, as escolhas de medicamentos e doses pelo
médico e a adesão aos medicamentos pelo paciente costumam ser mais
variáveis. Esses fatores podem tornar a aplicação do tratamento na
população geral menos efetiva do que o observado em ensaios clínicos. A
efetividade de tratamentos na prática clínica pode ser avaliada por meio
de estudos com dados secundários. Por exemplo, demonstrou-se que a
angioplastia primária é superior à terapia trombolítica em ensaios clínicos
com pacientes com infarto do miocárdio (7). Contudo, é possível que
esses resultados somente sejam válidos quando os índices de sucesso para

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