Delineando a pesquisa clínica 4a Ed

(AlbertoBarroso) #1

mantém atualizado nessas áreas; além disso, conhece as bases de dados
relevantes e os investigadores responsáveis por esses dados, tanto na sua
instituição quanto fora dela. Essa pessoa pode ajudar a identificar e a
obter acesso aos dados apropriados. Muitas vezes, a questão de pesquisa
precisa sofrer algumas alterações (p. ex., modificando a definição das
variáveis preditoras ou de desfecho) para se adequar aos dados
disponíveis.
A melhor solução pode estar bem próxima do investigador, como uma
base de dados na própria instituição. Por exemplo, um fellow da
Universidade da Califórnia em São Francisco (UCSF), interessado no
papel das lipoproteínas na doença coronariana, percebeu que uma das
poucas intervenções que comprovadamente reduziam o nível de
lipoproteína(a) era o estrogênio. Sabendo que o HERS, um importante
ensaio clínico sobre terapia de reposição hormonal na prevenção de
doença coronariana, era coordenado na UCSF, ele procurou os
investigadores e manifestou seu interesse nessa questão. Como ninguém
havia planejado estudar a relação entre essa lipoproteína, tratamento
hormonal e eventos de doença coronariana, ele estudou a fundo a
literatura sobre o assunto e delineou um plano de análise e de publicação.
Após receber permissão da coordenação do estudo HERS, ele trabalhou
com estatísticos, epidemiologistas e programadores do centro de
coordenação para conduzir uma análise, que resultou em um artigo
publicado em uma revista de prestígio (12).
Às vezes é possível estudar uma questão de pesquisa que tem pouco a
ver com o estudo original. Por exemplo, um outro fellow da UCSF estava
interessado no valor da repetição do exame de Papanicolau em mulheres
com idade superior a 65 anos. Ele percebeu que a idade média das
mulheres participantes do estudo HERS era de 67 anos, que elas deveriam
ter um exame de Papanicolau normal antes de ingressarem no estudo e
que o exame era repetido anualmente durante o seguimento.
Acompanhando os resultados desse exame, ele conseguiu documentar que
110 esfregaços apresentaram resultado anormal dentre as 2.763 mulheres
rastreadas no período de dois anos, e que apenas uma mulher mostrou ter
um resultado anormal quando foi realizada a biópsia. Portanto, todos os
resultados, exceto um, foram falso-positivos (13). Esse estudo teve forte
influência sobre a recomendação seguinte do US Preventive Services

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