Delineando a pesquisa clínica 4a Ed

(AlbertoBarroso) #1

aqueles participantes com capacidade decisória reduzida.
Em segundo lugar, o princípio da beneficência exige que o
conhecimento científico a ser adquirido a partir do estudo supere a
inconveniência e o risco aos quais os participantes estão submetidos e que
os riscos sejam minimizados. Os riscos incluem não somente danos
físicos, mas também psicossociais, como quebra de confidencialidade,
estigmatização e discriminação. Esses riscos podem ser minimizados, por
exemplo, rastreando os possíveis participantes, a fim de excluir da
pesquisa aqueles indivíduos suscetíveis a danos, assegurando a
confidencialidade e monitorando os participantes para a ocorrência de
efeitos adversos.
Em terceiro lugar, o princípio da justiça requer que os benefícios e o
ônus da pesquisa sejam distribuídos de forma justa. Populações em
desvantagem social ou vulneráveis, como aquelas com baixa renda, baixa
escolaridade e acesso limitado a serviços de saúde, ou com capacidade
decisória diminuída, não devem ser alvo especial da pesquisa se outras
populações também forem adequadas para abordar essa questão de
pesquisa. Estudar grupos vulneráveis primariamente devido à maior
facilidade de acesso, à cooperação e ao seguimento pode significar usá-los
de forma injusta.
O princípio da justiça também exige acesso equitativo aos benefícios da
pesquisa. É importante ter isso em mente, pois tradicionalmente a
pesquisa clínica tem sido considerada arriscada, e seus participantes vistos
como cobaias que necessitam de proteção contra intervenções perigosas
de pouco ou quase nenhum benefício. Entretanto, a pesquisa clínica tem
se mostrado um veículo promotor de novas terapias para condições
clínicas, como a infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) e
o câncer. Pacientes que buscam medicamentos novos promissores para
doenças letais querem maior acesso à pesquisa clínica, e não maior
proteção contra ela, e esse acesso precisa estar disponível
independentemente de renda, acesso a seguro de saúde ou escolaridade.
Historicamente, crianças, mulheres e membros de grupos étnicos
minoritários têm sido sub-representados na pesquisa clínica, o que resulta
em uma base de evidências mais fraca e, potencialmente, a um cuidado
clínico inferior. Pesquisadores clínicos financiados pelo NIH devem
assegurar representação adequada de crianças, mulheres e minorias

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