40 VIAJE MAIS
do deitado tranquilão de barriga
cheia entre os galhos de árvores.
Na &Beyond, o fim do dia ga-
nha mais um toque: quando o sol
estava prestes a sair de cena, Waziri
montou uma mesa com chocolate
quente, cappuccino e bolachas. De-
gustei aquele momento especial na
companhia de centenas de gnus.
Na primeira noite na &Beyond,
dormi ao som da chuva, dos pás-
saros e do grunhido de hipopóta-
mos. E, ao acordar, a surpresa: pega -
das desses bichões marcavam o ter-
reno ao redor da tenda. Waziri acal-
mou-me: “Os animais nunca entra -
riam na sua acomodação. Eles não
são como os humanos: respeitam
o espaço do outro”. Tranquilizei-
-me e entrei no jipe.
Em certo momento, Waziri per-
guntou-me: “Você está ouvindo o
ba rulho das hienas?”. Como o som
de uma hiena era tão desconhecido
quanto o de uma nave espacial, res-
pondi com um imediato não. Re-
pentinamente, seis delas vieram em
nossa direção. Uma delas pulava e
rolava em uma poça d’água, felizA graça é observar a vida
selvagem: girafas passeiam ao
nascer do sol e centenas de
hipopótamos descansam no rioigual a uma criança brincando na
pis cina. Observamos o bicho por
quase meia hora. Nos safáris, o ba-
cana é que não há pressa e os guias
permitem que os visitantes curtam
cada cena demoradamente.
De volta ao hotel, dei-me um
bem-vindo momento de prazer:
pulei na piscina com borda infinita
e vista para o rio onde os hipopó-
tamos nadavam. Era só um refresco
antes do safári da tarde, quando adiversão foi contar quantos leões
avis tamos naquelas horas, chegando
ao total de 32. Enquanto tentáva-
mos não perder as contas, quatro
hienas surgiram arrastando e co-
mendo um gnu ainda vivo que cor-
ria em direção ao jipe esperando
ser salvo. Claro que nada pude fa-
zer. E, chocada com o episódio,
Waziri de novo me acalmou: “assim
é a vida”. Um ensinamento que o
Serengueti deixaria para sempre.