Elle - Portugal (2021-03)

(Antfer) #1
FOTOS: IMAXTREE (3) - REVOLT MODELS (1) - TOMORROW IS ANOTHER DAY

ESTILO


24 ELLE PT


suas capacidades – talento – trocando a beleza tradicional
por algo mais abrangente. A sua abordagem ao casting é
tão ampla quanto os tipos de beleza agora representados nas
campanhas publicirárias e nas passarelas. «Não temos uma
abordagem específica», diz Sophia. É uma mistura de «centenas
de submissões que recebemos via e-mail por dia», castings
de rua, boca a boca e, claro, Instagram. «Vou explicar-te
porquê: muitos clientes querem ser mais inclusivos e olham
para um modelo como um todo, incluíndo o seu estilo, os
seus interesses, tudo. O Instagram é uma ótima maneira de
obter um retrato real e de perceber quem é realmente aquela
pessoa.» Isto também funciona ao contrário. Jovens que são
“normais” – com imperfeições na pele, de todos os géneros,
etnias e tamanhos – estão a descobrir agências como a Revolt
e a candidatar-se à medida que vêem cada
vez mais pessoas como eles em campanhas
e desfiles partilhados nas redes sociais. Pela
primeira vez, olham para si mesmos como
potenciais modelos.

«SOU GORDA E NÃO TENHO VERGONHA
de dizê-lo» diz Ísold Halldórudóttir, uma
jovem de 24 anos com o cabelo rapado,
natural de Reykjavík, na Islândia. Con-
tactou a Revolt via Instagram em 2017.
Halldórudóttir é uma das modelos de
maior sucesso da agência, Protagonizou
recentemente uma campanha da Marc
Jacobs, ao lado da supermodelo Lila Moss
(filha de Kate). «Encontrei a Revolt no Instagram», diz ela,
e inscreveu-se porque «reparei no look dos outros mode-
los que lá estavam. Eu não cresci a pensar que poderia ser
modelo, porque nunca me senti representada. Mas quando
descobri a Revolt fiquei com muita vontade de fazer parte
deste universo.» Além de ser modelo, Halldórudóttir é uma
defensora empenhada da autoaceitação, identificando-se
com a geração social e politicamente ativa que as marcas
de luxo estão agora a tentar alcançar.
Ao folhear uma revista, podemos questionar a verdadeira
extensão desta mudança, visto que, na sua maioria, os modelos
das campanhas publicitárias que vemos ainda são relativamente
homogéneas – ou seja, indiscutivelmente deslumbrantes.
Mas é possível que vejamos uma mudança rápida à medida
que o embate de tudo o que aconteceu no ano passado se faça
sentir, e as alterações que vimos nas passarelas há seis meses
atrás comecem a aparecer em campanhas online e em revistas.
«O ano passado mudou definitivamente as coisas em ter-
mos de representatividade na moda convencional», diz Rachel
Chandler, uma prolífica diretora de casting e fundadora da
agência Midland que, juntamente com o co-fundador da
mesma, Walter Pearce, tem sido fundamental no casting de

modelos para a Gucci, Balenciaga e Marni, assim como para
a Zara. Chandler reconhece que a pandemia acelerou uma
mudança que já estava em andamento, com um aumento no
número de “modelos não tradicionais” nos desfiles de marcas
como a Gucci e a Burberry, que mostraram as suas coleções
recorrendo a elementos das suas equipas de design, devido

«AS AGÊNCIAS,
REPRESENTAM
UMA GAMA MUITO
MAIS AMPLA
DE TALENTOS
DO QUE HÁ CINCO
ANOS ATRÁS»
RACHEL CHANDLER,
DIRETORA DE CASTING

A Gucci tem sido
uma das marcas
pioneiras a fazer
com que esta
mudança
aconteça.

A Marni
fotografou a sua
coleção SS21
nas ruas de várias
cidades diferentes
do planeta.
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