EDITORIAL - ADIVINHE O PRESENTE
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Revista Época Negócios/Nacional - EDITORIAL
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas
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Autor: Elisa Campos
O ESTADO MUTANTE EM que mergulhamos há quase
um ano não é bem uma novidade. Antes de a covid-19
varrer o globo, o acrônimo VUCA — sigla em inglês
para volátil, incerto, complexo e ambíguo — já tinha
caído na boca dos executivos mais descolados.
Olhando para trás, percebo como éramos inocentes —
sem o saber, claro. Agora, na era coronavírus, aqueles
que adoram um nome em inglês já acharam outro
conjunto de letras para dar conta do novo estado de
coisas: BANI — frágil, ansioso, não linear e
incompreensível (idem ibidem do inglês, como não
poderia deixar de ser). Me identifico totalmente com o
tal mundo BANI. Na minha vida, não houve um só
aspecto que tenha parado em pé desde aquele fatídico
primeiro caso detectado em São Paulo, em março do
maligno ano de 2020. Se prever o futuro já era tarefa
das mais ingratas, depois de milhões de mortos pelo
vírus invisível e jamais previsto fazer qualquer tipo de
previsão do futuro me parece, no mínimo, uma baita
ousadia. Sei muito pouca coisa a respeito dos meus
próximos meses, aqui, do alto do meu home office: não
voltarei para o escritório (será?), e muitos dos meus
bares, lojas e restaurantes favoritos não irão sobreviver
à crise (será?). Certeza: prazo indeterminado para
engavetar minhas máscaras e deixar de consumir álcool
em gel (aliás, deixo aqui o meu recado: odeio a
sensação grudenta de algumas marcas). Certeza: 2021
não será fácil. Para dar uma mãozinha para vocês (e
para nós mesmos!), decidimos arriscar uma edição
dedicada ao futuro. Peralá, não um futuro distante. O
futuro do presente. Nosso exercício foi o de olhar um
esboço desenhado a lápis e detectar os contornos
agora definidos da nossa próxima realidade. Não se
trata, portanto, de adivinhação. Até porque sabemos
que muitas das tendências que se confirmam já vinham
se revelando na última década. Nas trinta e duas
páginas de nossa reportagem de capa, sinalizamos
onde estamos pisando agora, no mundo do trabalho e
no contexto internacional. As expressões que você leu
na nossa capa gráfica — todas efeitos colaterais da