Banco Central do Brasil
Revista Época Negócios/Nacional - Capa
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021
Banco Central - Perfil 1 - Bitcoins
A campanha global de vacinação e a nova visão sobre
saúde devem beneficiar a população por décadas.
“Alguns processos e iniciativas derivados da pandemia
vieram para ficar. E isso é bom”, afirmam os
pesquisadores Beatrice Melinek e Stephen Morris, da
Universidade da Califórnia. No Brasil, quem saiu na
frente foi a Ambev, criando um cargo de diretoria
dedicado à saúde mental. Internacionalmente, cientistas
como Katalin Karikós, da BioNTech, e Sarah Gilbert. da
Universidade de Oxford, tornaram-se heroínas. O setor
farmacêutico e biotecnológico superou as expectativas
em relação à velocidade de criação das vacinas, e
assim transmite uma mensagem poderosa de confiança
na ciência e na cooperação global. Nos Estados Unidos,
a visão positiva da indústria farmacêutica cresceu de
27% para 34% da população, e a negativa caiu de 58%
para 49%, segundo o Gallup. Com tanto destaque para
a área, consultorias como a Wunderman Thompson já
preveem a ascensão de executivos dedicados à saúde
ao C-Level das empresas, no papel de Chief Health
Officers.
TRANSFORMAÇÃO DIGITAL
O JOGO VIRTUAL É PARA GENTE GRANDE
A virtualização é um fenômeno que se desenrola pelo
menos desde a virada do milênio. Basta acompanhar a
história da Amazon, que primeiro conquistou o mercado
de livros e em seguida se expandiu para dominar o
varejo. O Brasil seguiu essa tendência com um certo
atraso, mas seguiu.
A estrondosa valorização do Magazine Luiza nos
últimos anos se deveu, em grande parte, à aposta na
multicanalidade (unir as operações on e offline). Se
essa tendência era forte, com a pandemia se tornou
ultrapoderosa.
Nos Estados Unidos, a Amazon obteve em três
trimestres um lucro maior do que o de todo o ano
passado (sem contar as vendas de Natal, da Black
Friday e do Prime Day, sua promoção anual). Não à toa,
seu valor de mercado cresceu perto de 70% no ano.
No Brasil, o Magazine Luiza teve avanço de quase
150% nas vendas online no terceiro trimestre do ano
passado em relação ao mesmo período do ano anterior.
As vendas digitais atingiram 66% do total da companhia,
e a empresa se tornou a maior varejista do país. Suas
ações se valorizaram cerca de 85%. As vendas dos
concorrentes — como Via Varejo e Mercado Livre —
também cresceram em níveis espetaculares.
Quem sofreu foram as pequenas empresas do comércio
local. Muitas fecharam, outras tantas começaram a
trilhar o caminho da adaptação. É seguro dizer que
quem está operando hoje passou a ter alguma forma de
comércio online: aderiu aos pedidos por app ou
computador, às entregas em domicílio, passou a fazer
marketing via redes sociais (mo/s sobre isso daqui a
pouco) ou se associou a alguma plataforma de comércio
eletrônico (como o sistema do Magazine Luiza, da
Amazon ou de aplicativos de comida, por exemplo). A
questão é: o quanto essa tendência vai refluir? De um
lado, a compra virtual é mais simples, mais rápida, mais
confortável.
De outro, perde-se o contato (enxergar o produto,
experimentá-lo, conversar com alguém que explique seu
funcionamento, passear para olhar vitrines). Parte da
alta nas compras online ocorreu pela quase total falta de
opção — loja fechada ou obediência às recomendações
de isolamento social. Uma vez que o vírus seja
controlado, é de se esperar que pelo menos um tanto
das pessoas volte à rotina anterior.
O que veremos, então, será uma miscelânea de
estratégias. Restaurantes que se adaptaram para
atender por encomenda (cozinhas maiores, áreas de
serviço menores; mais cozinheiros e entregadores,