IDÉIAS - Por dentro da engenharia genética
Banco Central do Brasil
Revista Globo Rural/Nacional - Idéias
terça-feira, 9 de fevereiro de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas
Clique aqui para abrir a imagem
Clique aqui para abrir a imagem
Autor: Luiz Josahkian
ESPECIALISTAS ACREDITAM QUE A TÉCNICA TERÁ
APLICAÇÕES DENTRO DE DEZ ANOS,
PRINCIPALMENTE NA CURA DE DOENÇAS
MONOGÊNICAS E NO MELHORAMENTO GENÉTICO
DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS
Em 2020, as cientistas Jennifer Doudna e Emmanuelle
Charpentier receberam o Prêmio Nobel de química pelo
desenvolvimento de uma técnica de edição de genes
chamada CRISPR/Cas9. Para o leitor não familiarizado
com o mundo da genética, considere que o código
genético contém receitas de proteínas responsáveis por
todo o funcionamento do organismo, semelhante a uma
programação digital.
Agora imagine que seja possível alterar essa
programação: é exatamente isso que a CRISPR/Cas9
faz. Na verdade, a engenharia genética existe desde
1970 e já teve aplicações na agricultura, pecuária,
medicina e até para diversão, com os simpáticos peixes
zebras fluorescentes que povoam aquários domésticos.
A diferença é que a nova técnica, além de reduzir o
custo e o tempo para alterar o DNA, tem uma precisão
muito superior às outras técnicas. Não se trata de uma
invenção humana, mas baseia-se em uma arma
biológica das bactérias. Desde que o mundo é mundo,
os bacteriófagos (tipos de vírus) atormentam a vida das
bactérias, destruindo 40% delas todos os dias. Quando
a bactéria sobrevive ao ataque, ela faz uma cópia de um
pequeno trecho do DNA viral usando a proteína Cas e o
insere no seu próprio DNA, trecho conhecido como
CRISPR.
Quando o vírus ataca novamente, a bactéria reconhece
o inimigo e aciona o CRISPR, associando-o à proteína
Cas. Está formado o sistema CRIS- PR/Cas, que corta o
DNA do vírus, impedindo-o de se reproduzir. Um tipo de
vacina genética.
Mas o interessante da descoberta é que ela mostrou