Banco Central do Brasil
Revista Isto é/Nacional - ENTREVISTA
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021
Banco Central - Perfil 1 - Paulo Guedes
Mas não como uma troca por apoio. Afinal, o
Progressistas já está votando 100% com o governo na
Câmara e no Senado, independentemente de ter cargos
ou não no ministério. Se nós já estamos votando, por
que o presidente vai dar cargo em troca de apoio? Pode
escolher um membro do partido de acordo com sua
conveniência, mas não por causa do toma lá dá cá.
Mas o PP continuará fiel a Bolsonaro mesmo sem
ministério?
O PP tem uma tradição de ter uma aliança com
governos. Até com governos que não tínhamos uma
identificação ideológica, com foi o caso do PT. Nós
apoiamos por conta de alianças que podem levar
benefícios aos nossos estados, levar obras, emendas,
ter identificação com o governo, estar ao lado do
presidente. O que eu tenho feito pelo estado do Piauí é
por conta dessa parceria.
É o apoio do PP ao governo que tem levado mais
verbas aos estados onde os senhores atuam?
Exatamente. A proximidade do PP é que leva benefício
para a população dos nossos estados. Não tenho o
menor constrangimento de dizer isso. Eu vou estar ao
lado do presidente para levar mais obras e
investimentos ao meu Piauí. E isso acontece com a
maioria dos membros do nosso partido. Isso é uma
troca salutar, republicana, que faz bem à população.
O senhor acredita que agora que um deputado de seu
partido, Arthur Lira, assumiu a presidência da Câmara,
as reformas tributária e administrativa serão votadas?
Eu não tenho dúvida de que desta vez elas sairão. O
que houve é que no Senado havia uma maior parceria
com o governo federal. Mas no último ano isso deixou
de acontecer na Câmara com o Rodrigo Maia. Agora,
temos uma pessoa que não é subserviente ao governo.
Arthur Lira jamais vai ser subserviente a Bolsonaro, mas
vai ter uma relação de respeito. O que o governo sugerir
vai tramitar na Câmara, mas com toda a independência.
Nos dias que antecederam a eleição de Lira, houve uma
farta liberação de emendas, que ultrapassou os R$ 3
bilhões. Foi compra de votos?
Olha, isso é uma meia verdade. Muita gente do DEM foi
contemplada, do PT, do MDB. Como aconteceu em
todos os governos. Aí podem dizer que neste ano foi
maior, mas todos os anos o valor é expressivo. Não
teve vínculo com a eleição. Por que Bolsonaro iria
liberar recursos para o PT ou para o DEM?
Mas houve rachas no DEM e no próprio PT...
No MDB, o Arthur deve ter tido uns dois votos. Ele teve
votos de praticamente todos os partidos.
Mas o senhor entende que a liberação de emendas em
troca de votos é normal?
Sempre foi normal a liberação de verbas. Em todos os
governos isso aconteceu. Você libera mais para os
partidos que estão na base do governo. Isso aconteceu
no governo do PT, do MDB e está acontecendo agora.
A parceria maior é com os deputados que estão
apoiando o governo. Isso desde que o mundo é mundo.
A liberação de verbas aos aliados vai aumentar neste
ano, véspera eleitoral?
O que eu puder trazer de recursos para o meu Piauí, eu
vou trazer. Vou ficar 24 horas na porta do presidente,
dos ministérios, para que as coisas aconteçam em favor