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Revista Carta Capital/Nacional - Afonsinho
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas
episódio porque essa é a marca da família do “Seu
Ferretti”, cheia de filhos homens.
Voltemos ao jogo entre Tigres e Palmeiras. Volta e meia
o futebol apronta uma situação dessas. Ninguém
acreditava numa vitória do time mexicano. Todos davam
como certa a final disputada entre Palmeiras e Bayern.
Trata-se, no mínimo, de um enorme desrespeito, que se
repete de tempos em tempos quando um clube
brasileiro disputa uma competição internacional.
Decisões resolvidas em jogo único estão sujeitas a
surpresas, mesmo que seja por acidente. Basta uma
falta, um pênalti, um gol fortuito para a coisa engrossar.
À medida que o tempo passa, o relógio torna-se o
principal adversário do clube em desvantagem no
placar. A ansiedade cresce, os erros aumentam. A
desilusão do Palmeiras foi doída. O clube paulista tem
várias outras decisões pela frente, fora as que ele já
venceu nos últimos tempos, um período muito bem-
sucedido.
O jogo do Bayern com o egípcio Al-Ahly foi interessante.
Algumas coisas sobressaltaram, como a tradição dos
alemães, sempre organizadíssimos, o que proporciona
tranquilidade e equilíbrio para a equipe. A diferença
física era significativa, mas outra característica me
prendeu a atenção: o que é aquele piso? Chamo assim
porque, se for grama natural, nunca vi antes outra tão
perfeita. A bola parecia de vidro, correndo sobre um
espelho.
Os árabes, como nós, latinos, são românticos.
Precisavam de dois ou três toques na bola antes de dar
sequência à jogada. Para os germânicos, bastavam
dois, às vezes tocavam de primeira. A esta altura, já
temos o campeão mundial do ano, estou com a família
Ferretti.
Aqui, em casa, as rodadas derradeiras pegam fogo. O
“Covidão-20/21” está empolgando os torcedores. Quem
quiser entender o Brasil de hoje, basta acompanhar o
Botafogo. É um desastre completo. Perdeu-se nos
desencontros do “futebol-empresa”. O tempo foi
passando, as derrotas se acumulando,
desentendimentos, ruína.
Vejo com esperança o pronunciamento dos dirigentes
recém-eleitos no Vasco e no próprio Botafogo. Salgado,
do Vasco, fez uma declaração animadora: “Não quero
clube dependente de pessoas, isso é muito ruim”.
Apoiado.
P.S.: O que me desanima é ver, a cada crise de
responsabilidade nítida de dirigentes, a apelação
primária de atribuir os insucessos a um ou outro jogador
por conta de atrasos, noitadas e outras besteiras. Não
sei como a mídia ainda repercute essas desculpas
esfarrapadas.
Assuntos e Palavras-Chave: Cenário Político-
Econômico - Colunistas