Banco Central do BrasilRevista Conjuntura Econômica/Nacional - Capa
terça-feira, 9 de fevereiro de 2021
Banco Central - Perfil 1 - Ministério da Economiatendência internacional, de criação de políticas de apoio
ao setor. Livio Ribeiro, pesquisador do FGV IBRE, cita
os casos de Itália, Espanha e França, que na segunda
onda de Covid-19 contaram com linhas de crédito
voltadas a essas atividades. “Mesmo a China, que
promoveu poucas políticas de estímulo no âmbito da
pandemia, contou com medidas específicas para esse
segmento. Algo importante, levando em conta que em
sua maioria são pequenos negócios com capacidade de
giro que muitas vezes não chega a um mês”, diz.
Solmucci afirma que, no Brasil, a exceção foi o
Amazonas, que promoveu redução de ICMS e uma
abertura de linha de crédito dedicada ao setor.
O presidente da Abrasel ressalta que essa situação
crítica não é vivida pela totalidade dos empresários,
devido especialmente aos diferentes níveis de restrição
impostos em cada região. Até meados de janeiro,
levantamento da Abrasel apontava que capitais como
Vitória e Campo Grande ainda não haviam registrado
nenhum dia de fechamento de bares e restaurantes, em
contraposição a Belo Horizonte, que se aproximava de 6
meses de fechamento, com 171 dias. “Em algumas
cidades do Nordeste houve um desempenho até melhor
do que antes da crise, ajudado pelo auxílio
emergencial”, diz. Solmucci destaca que o setor
costuma responder rapidamente à demanda, com alta
capacidade de se revigorar. “Vemos, por exemplo, que
se a pandemia castigou regiões centrais, elevou o
faturamento de negócios de bairro, que vão atender a
famílias em que pais e filhos passaram a trabalhar e
estudar de casa. Há ainda quem busca investir em
momentos de crise. Compram negócios contando com a
valorização daquele capital fixo na retomada”,
exemplifica. O executivo afirma que a tendência é de
que o setor saia da crise mais produtivo, graças ao
investimento em canais digitais, racionalização da mão
de obra e às lições de ter de trabalhar com margens
muito ajustadas. “Mas, para que isso aconteça,
precisamos primeiro sobreviver”, ressalta.
Em busca do novo normal
Esse também é o mote das atividades de turismo,
especialmente as relacionadas a negócios e eventos.
Na capital paulista, por exemplo, esse propósito
representa cerca de 85% da ocupação dos hotéis, que
em 2020 registraram uma taxa de ocupação média de
24%. “Em janeiro, devemos ter 17,2% de ocupação,
uma queda de 56% em relação ao mesmo período de- Definitivamente, é uma das cidades que mais está
sofrendo”, conta Carlos Bernardo, vice-presidente da
Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH) em
São Paulo, diretor regional de Operações da rede
Accor. Para 2021, a expectativa é de que a receita por
quarto disponível caia 48% na média nacional em
relação a 2019. “No Nordeste, essa retração deverá ser
menor, em torno de 28%, e, no Sudeste, maior, de
cerca de 62%”, avalia.
Bernardo afirma que os prejuízos, em grande parte dos
casos, foram sanados pelos fundos de reserva dos
hotéis para fazer reformas, trocar equipamentos
defasados, ou cobrir sinistros. “Durante a pandemia, os
hotéis do país desligaram em média 42% de seus
funcionários. É um número extremamente
representativo”, diz, ressaltando a importância de
medidas como as previstas no PL 5.638/2020, de
redução de impostos. “Precisamos ter condições de nos
manter nesse período ainda difícil pelo qual
passaremos”, diz, defendendo a importância dessa
atividade. “Abriu- se um grande debate com a saída da
Ford no Brasil, pela demissão de 4,5 mil colaboradores.
Na pandemia, somente a Accor teve de desligar 4,8 mil
pessoas. É correto fazer diferenciação de
empregabilidade entre um setor e outro?”, questiona.Bernardo conta que há uma gradual volta da demanda
por eventos de pequeno porte dentro de hotéis. “Nos
hotéis da ABIH, temos planejado eventos híbridos para
treinamentos, por exemplo. Nesse caso, as equipes
regionais são reunidas em salas de hotéis em seus
respectivos estados. E de São Paulo comandamos o
evento virtual, cumprindo o distanciamento e demais
protocolos de segurança”, descreve. Outra tendência