Banco Central do Brasil
Revista Conjuntura Econômica/Nacional - Capa
terça-feira, 9 de fevereiro de 2021
Banco Central - Perfil 1 - Ministério da Economia
intensificada na pandemia é a transformação de áreas
do hotel - como apartamentos ou salas privativas - em
espaços de trabalho. Na própria Accor, conta Bernardo,
em janeiro foi lançado o Wojo, a marca de coworking da
rede, que já funciona em 120 hotéis no Brasil.
Um dos princípios das estratégias criadas pelos hotéis
nesse período, explica o executivo, é pensar na
exploração dos espaços dos hotéis não mais por
hospedagem, mas por venda de metro quadrado.
“Muitos hotéis estão trabalhando a venda de delivery e o
outside catering, levando os coffee breaks, almoços e
jantares para dentro das empresas. Alguns também têm
estudado a possibilidade de uso de espaço ocioso como
depósito de grandes varejistas, que podem trabalhar a
distribuição de seus produtos em veículos menores,
facilitando o trânsito dentro da cidade”, enumera.
Para o executivo, o “novo normal” do setor hoteleiro,
passada a pandemia, poderá ser de uma demanda por
hospedagem 25% menor do que no pré-Covid-19. “O
mercado corporativo experimentou as reuniões virtuais
com sucesso, então acho que o mix entre presencial e
virtual vai perdurar”, afirma. O que reforça, segundo ele,
a necessidade de explorar a atividade hoteleira de
formas alternativas, atraindo novos públicos. “Essa foi
uma ideia que passou a se consolidar em meados de
setembro, quando percebemos que a crise sanitária não
iria se solucionar rapidamente. A partir daí, passamos a
discutir inclusive uma mudança na estrutura dos hotéis”,
conta, o que significa, por exemplo a incorporação de
serviços como pizzarias, coworking bars e lojas. “Dessa
forma podemos atender não só ao hóspede, mas à
comunidade em geral, e gerar receitas de outras
atividades que ajudem a suportar a operação do hotel”,
descreve.
Gervásio Tanabe, diretor executivo da Associação
Brasileira de Agências de Viagens Corporativas
(Abracorp), ainda olha 2021 com muita prudência. “Não
temos ideia de como o cliente corporativo vai se
comportar. Se registrarmos 65% do volume de negócios
de 2019, já será bem positivo. Significará mais que
dobrar o resultado de 2020, quando nossa produção foi
de R$ 3,5 bilhões, contra R$ 11 bilhões em 2019”, diz.
As principais atividades que entram na conta de Tanabe
são as do setor aéreo nacional e internacional, hotelaria,
serviços de transfer, pacotes de eventos, cruzeiros
marítimos e serviços de seguro-saúde.
Tanabe considera que o setor de eventos tende a
despontar da crise mais fortemente do que o de
reuniões de negócios. “Setores como alimentos e
bebidas, siderurgia, construção, petróleo e gás,
saneamento básico e agronegócio devem puxar a fila,
pois dependem de encontros pessoais para discutir
sobre insu- mos, o funcionamento de uma máquina
recém-lançada, por exemplo, produtos de alto valor
agregado que demandam esse contato que em geral
era feito em feiras. Outros segmentos como escritórios
de advocacia e empresas financeiras tendem a reduzir o
número de viagens, pois têm mais chance de conseguir
atender às suas necessidades numa videoconferência”,
diz. O executivo aponta que o tamanho dessa
recuperação depende muito do horizonte de vacinação,
fundamental para toda a cadeia. “No caso do setor
aéreo, por exemplo, nossos cálculos são de que o
mercado corporativo represente cerca de 60% das
vendas”, afirma.
De acordo à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac),
em 2020 o transporte de passageiros em voos
domésticos no Brasil registrou queda de 52,5% em
relação a 2019 - com uma retração de 48,7% de
passageiros/quilômetros transportados (RPK) e 47% em
assentos/ quilômetros ofertados (ASK), resultando em
uma taxa de ocupação de 80%. Em voos internacionais,
a queda no transporte de passageiros foi maior, de
72%.
“Nosso pior momento foi abril do ano passado, quando
mantivemos apenas 8% da malha no ar, essencial para
manter as capitais e mais 17 cidades atendidas”, diz
Eduardo Sanovicz, presidente da Associação Brasileira