Newsletter Banco Central (2021-02-13)

(Antfer) #1
Banco Central do Brasil

Revista Conjuntura Econômica/Nacional - Comércio
Exterior
terça-feira, 9 de fevereiro de 2021
Banco Central - Perfil 1 - Davos

A primeira, Buy American (Compre América), utiliza a
legislação vigente sobre compras governamentais para
assegurar reserva de mercado para as empresas
estadunidenses. No programa divulgado durante a
eleição, o valor seria de US$ 400 bilhões, mas o
governo anunciou que o valor seria de US$ 600 bilhões.
A reserva de mercado para a indústria veio
acompanhada de medidas para assegurar percentuais
domésticos no valor adicionado. A iniciativa será um dos
canais para assegurar que os investimentos em energia
limpa e infraestrutura, que fazem parte do programa de
Biden, sejam supridos majoritariamente por empresas
dos Estados Unidos.


A segunda é Make it in America (Faça na América), que
visa revitalizar as pequenas empresas da indústria de
transformação com incentivos especiais para empresas
de propriedade de mulheres e pessoas
afrodescendentes.


A terceira, Innovate in America (Inove nos Estados
Unidos), prevê investimentos na ordem de US$ 300
bilhões em Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) e
tecnologias de ponta. Aqui se menciona, carros
elétricos, 5G, novos materiais, inteligência artificial,
entre outros.


A quarta. Invest in all of America (Investir em toda a
América) tem por objetivo assegurar que os
investimentos públicos propostos por Biden em compras
governamentais, P&D, infraestrutura, educação e
treinamento, atinjam todas as cidades e áreas rurais,
assim como os diferentes grupos sociais em temos de
renda, gênero e raça. O pressuposto é que os Estados
Unidos não têm explorado adequadamente todo o
potencial do seu capital humano e físico e, logo, uma
política abrangente de investimentos é necessária.


A quinta, Stand up for America (Levante/Defenda
pelos/os Estados Unidos), visa propor medidas
tributárias e estratégias de política comercial que


assegurem remunerações justas para os trabalhadores.

A sexta, Supply America (Oferta pela América), é
direcionada para reduzir a dependência dos Estados
Unidos das cadeias produtivas globalizadas, em
especial as que a China têm papel de destaque.

Em suma, o programa de Biden é condizente com a sua
proposta de uma “política externa para a classe média”.
McBride (2021) explica que essa concepção parte do
diagnóstico que a “globalização aumentou a
desigualdade, acelerou a desindustrialização e falhou
ao não impulsionar a produtividade nos Estados
Unidos”. Biden quer através do seu programa favorecer
a indústria doméstica e o poder de compra dos
trabalhadores. Como Trump, há intenção de recuperar
perdas de emprego e de posições na economia global
da indústria americana.

As dúvidas que cercam as propostas vão desde a
aprovação pelo Congresso dos recursos necessários
até a eficácia das medidas para a recuperação da
indústria. Outra se refere ao desenho do programa onde
uma maior ênfase na economia de serviços e na
transformação para a economia digital seria desejável,
além de mais verbas para pesquisas e educação.

O programa Manufacturing 2025 da China, alvo de
críticas constantes pelos governos dos Estados Unidos
e da União Européia prevê investimentos e fontes de
financiamento público para os setores de manufaturas
de tecnologia de ponta. A concessão de subsídios pelo
governo é classificada como “prática desleal” pelas
economias de mercado.

Não estamos afirmando que o grau de subsídio ofertado
pelos Estados Unidos seja o mesmo que o da China. No
entanto, o programa de Biden reconhece que o Estado
deve ter um papel mais atuante no fortalecimento e
crescimento da indústria. A partir desse contexto é
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