Newsletter Banco Central (2021-02-13)

(Antfer) #1
Banco Central do Brasil

Revista Exame/Nacional - Noticias
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021
Banco Central - Perfil 1 - B3

fato, a 1 tonelada que está em oferta não é,
exatamente, uma tarefa fácil.


Para isso, vendedores precisam colocar à disposição de
compradores de créditos de carbono um diagnóstico
preciso de quantas árvores há num terreno, para aí
calcular uma quantidade de carbono sugada da
atmosfera considerando o crescimento de folhas, caules
e raízes em determinado período, como 12 meses, por
exemplo.


Toda essa capacidade é transformada num título a ser
negociado no mercado. Embora incipiente, o Brasil já é
o sétimo maior “vendedor” de créditos de carbono, atrás
de economias emergentes como Índia e Quênia.


Aqui, vale um parêntese sobre os meandros da venda
de uma riqueza até pouco tempo intangível como é o
carbono. Há dois tipos de mercados: o voluntário e o
regulado.


O voluntário é formado por empresas comprometidas
por conta própria a compensar emissões comprando
créditos de quem é capaz de provar que está tirando
carbono da atmosfera, com atividades florestais ou
substituição de uma energia suja, como o carvão, por
fontes limpas, como usinas solares.


Quem entra nesse mercado o faz sem ter muitas
contrapartidas: empresas que compram títulos de
carbono no mercado voluntário podem em teoria seguir
poluindo do mesmo jeito.


Em compensação, podem sofrer mais com o vaivém na
cotação dos créditos de carbono - e, no fim das contas,
pagar uma conta salgada. Já o mercado regulado é
mantido por governos dispostos a ajustar de alguma
forma o comércio de carbono. Nos regulados, não basta
só comprar um título: a empresa precisa concordar em
tomar medidas para poluir menos dali para a frente.


O mercado regulado mais importante é o europeu,
chamado Emissions Trading System e mantido pela
União Europeia, mas há órgãos relevantes na Califórnia
e na China, que implantou um sistema assim em 2020.


Há razões para crer que os dois mercados de créditos
de carbono crescerão muito em 2021. Pelo lado
voluntário, o empurrão vem de multinacionais cada dia
mais pressionadas por clientes e investidores a seguir
uma agenda ESG, sigla dos termos em inglês para as
práticas ambientais, sociais e de governança adotadas
nas empresas. Nos últimos dois anos, pelo menos 14
grandes empresas se comprometeram a tirar dinheiro
do caixa para compensar de alguma maneira as
emissões de carbono de suas operações.

Na lista estão nomes como o gigante de alimentos e
produtos de limpeza Unilever e a varejista Amazon. No
Brasil, uma porção de empresas pioneiras na agenda
ESG vem investindo na compra de créditos de carbono
na tentativa de dar o exemplo - e, assim, valorizar seus
negócios.

Entre os compradores dos créditos gerados em Ituxi
está a fintech C6 Bank, que ficou com 475 toneladas.
“Compensamos todas as emissões de 2020 e
pretendemos fazer o mesmo com as emissões de
2021”, diz Alexandra Pain, diretora de impacto social do
banco.

O BTG Pactual (do mesmo grupo que edita a EXAME)
compensou 100% de suas emissões de carbono, diretas
e indiretas, de 2019. Foram 13.000 toneladas de CO2
compensadas com créditos para um projeto florestal de
sequestro de carbono no Uruguai. O banco está
organizando um inventário para replicar a mesma ação
em 2021.

“Queremos ser indutores de boas práticas para os
clientes e priorizar as ações ambientais no dia a dia”, diz
Raffaela Dortas, diretora de ESG do BTG Pactual. Para
além das instituições financeiras, indústrias como a de
cosméticos Natura, as de papel e celulose Suzano e
Klabin e a sucroalcooleira Cosan também têm
programas de compra de carbono.

“ARÁBIA SAUDITA do CO2”
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