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Revista Exame/Nacional - Opinião
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas
potencial. Esse é um dos caminhos para a evolução
pessoal e da empregabilidade. É investir em habilidades
para atuar diante do mundo em transformação. Das
necessidades que decorrem das novas demandas
ambientais, tecnológicas e sociais.
Os jovens estão chegando ao mercado num momento
de obsolescência tecnológica, acelerada pela pandemia.
Enxergar essa curva é o primeiro passo para rever a
forma de absorção dos jovens e direcionar seu
treinamento e crescimento profissionais dentro dessas
novas realidades — a partir do “escaneamento do
horizonte”.
É mapear seriamente onde haverá maior demanda de
mão de obra no futuro e formar pessoas para atuar no
novo, já construído a partir do presente. Há muita
pesquisa e material disponível para isso. Um exemplo é
a guinada no setor de combustíveis fósseis.
Grandes empresas produtoras de petróleo estão
revendo seus negócios e investindo maciçamente em
energia renovável, caso da BP, e na captura de dióxido
de carbono, como a Occidental Petroleum. Então, para
qual mercado você conduziria os jovens profissionais?
É de agilidade para acompanhar as disrupções que
precisamos. Foi o que fez Bangladesh há alguns anos.
Em 2019, um em cada dez jovens estava sem trabalho.
Mas o país tem uma meta. Bangladesh quer se tornar
uma economia próspera e reconhecida por isso até
- E investe em digitalização para reduzir gaps de
saúde, inclusão financeira e educação.
O governo compreendeu que a tecnologia representa
empregabilidade, mesmo para quem vive no campo. E
pulverizou a criação de parques de alta tecnologia e a
oferta de cursos de qualificação. Resultado: em pouco
tempo, Bangladesh se tornou o segundo maior
fornecedor de mão de obra freelancer para o mundo,
atrás apenas da Índia.
Um dos aprendizados que Bangladesh nos oferece é
que o governo deve liderar as mudanças para que
ocorram de forma estruturada. No caso específico do
emprego jovem, o Brasil precisa combinar incentivos à
contratação e ao fomento de treinamento e de educação
profissionalizantes.
Esse, sim, é um caminho para a formação da mão de
obra necessária, capaz de criar novos mercados, e com
fôlego para dar ânimo, confiança e esperança. Mas
desde que enxerguemos a curva de obsolescência
tecnológica à porta e ofereçamos opções de
qualificação conectadas com as novas dimensões do
futuro, mais digitais, verdes e humanas do que nunca.
Assuntos e Palavras-Chave: Cenário Político-
Econômico - Colunistas