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OPINIÃO - O desafio: crescer


Banco Central do Brasil

Revista Exame/Nacional - Opinião
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021
Banco Central - Perfil 1 - Caderneta de poupança

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Autor: Celso Toledo


Uma expansão forte da economia não deveria ser um
problema para o Brasil em 2021, com a ajuda do
cenário externo. mas será uma bela vitória se
avançarmos 3,5%


O FMI soltou há alguns dias novas projeções de
crescimento. De acordo com o fundo, o produto somado
de todos os países será 5,5% maior em 2021 do que no
ano passado. Essa expectativa de retomada rápida se
justifica pela manutenção de estímulos em economias
relevantes e pela perspectiva de normalização das
atividades com a crescente imunização das populações.


Há riscos. Mesmo que a vacinação seja um processo
sem surpresas desagradáveis e que os efeitos
econômicos deletérios da segunda onda não sejam
muito maiores do que os já conhecidos, a pandemia
produziu “passivos” que seguem aumentando e que
requerem uma boa dose de engenharia política para ser
absorvidos suavemente.


Entre esses passivos incluem-se, por exemplo, a
ampliação de desigualdades dentro dos países e entre
eles e o acúmulo de dívidas monstruosas. A ressaca
está contratada e será preciso encontrar uma forma de
distribuir os vários ônus de forma justa e palatável.

Outro perigo é o surgimento de pressões inflacionárias,
especialmente em economias emergentes. É razoável
pensar que por ora esse risco seja pequeno porque a
crise produziu uma ociosidade cavalar.

Por isso, os juros estão baixos mundo afora, devendo
continuar assim por um bom tempo. Mas dá frio na
barriga pensar no destino dessa liquidez toda num
cenário de elevação paulatina da confiança e da
demanda — a inflação, quando vem, chega chegando,
sem avisar com muita antecedência.

Fatores positivos atenuam esses riscos. Há perspectiva
de mais cooperação entre os países relevantes. Existe
também a convicção da necessidade de manter
estímulos enquanto não houver certeza de
normalização e, nesse sentido, os Estados Unidos, a
China e até a Europa parecem dispostos a manter o pé
no acelerador, mesmo que arriscando ter um pouquinho
mais de inflação. Nesse diapasão, os mercados estão
eufóricos. Talvez um pouco demais, mas não sem
motivos.

Normalmente, um cenário externo de contornos
favoráveis deveria facilitar nosso desempenho, pois,
como em boa parte dos países emergentes, o Brasil é
bastante suscetível aos ciclos da economia mundial —
nosso combustível é a poupança dos outros países. O
principal duto por onde o humor de fora é transmitido
para cá é a relação de preços dos produtos que
exportamos e importamos, conhecida como “termos de
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