Newsletter Banco Central (2021-02-13)

(Antfer) #1
Banco Central do Brasil

Revista Exame/Nacional - Opinião
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021
Banco Central - Perfil 1 - Caderneta de poupança

troca”.


A boa notícia é que, no final do ano passado, os termos
de troca estavam cerca de 9% mais favoráveis do que
há um ano. Tipicamente, isso deveria ser acompanhado
de fortalecimento do real, pois o país enriquece quando
é capaz de comprar mais com cada unidade do que
vende.


Desta vez, no entanto, o câmbio tem permanecido
relativamente depreciado, em parte porque os juros
domésticos caíram, outra boa notícia. Ou seja, o país
enxerga preços favoráveis no shopping center global,
custo de capital baixo, e nossos exportadores
embolsam uma quantidade de reais maior para cada
dólar faturado. No passado, isso soprou a favor do
crescimento.


Na verdade, é possível “explicar” cerca de 80% dos
ciclos da economia brasileira nas últimas décadas
olhando apenas para o crescimento do PIB mundial e a
variação dos termos de troca. Se o passado servisse de
guia, (i) o ponto de partida deprimido, (ii) o cenário
rosado do FMI para o mundo e (iii) a relação de trocas
favorável ao Brasil seriam consistentes com
crescimento superior aos cerca de 3,5% esperados pela
média dos economistas.


Talvez mais para 4,5% ou até 5%. Por que, então, a
despeito do empurrão do cenário externo, existe
relutância em colocar fichas num cenário de
crescimento melhor para 2021? Se não é por obstáculos
fora das fronteiras, a explicação deve ser procurada
dentro. O nó é que, infelizmente, faz tempo que o Brasil
não é governado por quem inspire confiança (o saudoso
interregno Temer, enquanto durou, é uma breve
exceção). Como disse, salvo engano, Delfim Netto,
crescer é um estado de espírito.


Além da gestão ignorante da crise sanitária, o Executivo


nada faz para tornar a economia brasileira mais leve,
mais justa e mais dinâmica. Para piorar, não se deve
esperar nada muito diferente no futuro próximo, pois a
inação e o curtoprazismo são os resultados esperados
de um jogo entre um líder fraco e míope comendo nas
mãos da fina flor da velha política.

Desgraçadamente, o Brasil precisa de uma liderança
ativa para navegar a maior crise econômica mundial dos
últimos 150 anos que se somou à herança macabra da
lambança produzida em 2014 e 2015 por um governo
cuja incompetência até então parecia insuperável.

Diante dessa tragédia, ver o país governado por um
prodígio que teve a graça de herdar do anterior o bê-á-
bá a ser feito, item a item, mas é incapaz de aquilatar a
gravidade do momento e a urgência de tocar a bola
para a frente e, para piorar, tem a alma entregue aos
setores mais retrógrados do Congresso, será uma bela
vitória se o Brasil de fato crescer 3,5% em 2021. O
bonde da história tem ficado dia após dia mais distante
de nós.

Assuntos e Palavras-Chave: Banco Central - Perfil 1 -
Caderneta de poupança, Banco Central - Perfil 1 - FMI,
Cenário Político-Econômico - Colunistas
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