Banco Central do Brasil
Revista Época/Nacional - Do Leitor
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas
verdadeiras vocações. Em seu primeiro ato, minutos
após, tentou explicitamente eliminar o registro dos
deputados do bloco de oposição para composição da
mesa diretora. Milhões em verba extra, disponibilizados
pelo governo Bolsonaro, rolaram à vontade para os
aliados de Lira. que como contrapartida deverá entregar
a proteção do presidente contra o assombroso fantasma
do impeachment, fazer aprovar as ideológicas pautas de
costumes — verdadeiro programa de governo de seu
patrocinador — e preparar o ambiente para as eleições
de 2022. Abel Rodrigues, Rio de Janeiro, RJ
CAMARADA NAVALNY
Quem é o advogado ativista que usa as redes sociais
para incomodar o "czar" russo Vladimir Putin o a
oligarquia do Kremlin Oportuna a reportagem de Filipe
Barini sobre Alexei Navalny, jovem advogado c ativista
russo cuja coragem e determinação no enfrentamento
ao todo-poderoso presidente Vladimir Putin tem, apesar
do maciço apoio da população a Putin pelo resgate do
orgulho nacional vilipendiado por seu antecessor. Boris
Iéltsin. após o fim da então poderosa União Soviética,
obtido ressonância nas redes sociais ao denunciar o
autocrata pelo desvio de bilhões de dólares em favor de
familiares e aliados. Com certeza se transformará numa
liderança opositora de respeito num futuro próximo,
motivo pelo qual quase foi eliminado por
envenenamento em agosto do ano passado, tendo
passado por um tratamento na Alemanha. Dirceu Natal,
Rio do Janeiro, RJ
O TEOREMA DO ECONOMISTA INFINITO Monica do
Bolle escreve que qualquer profissional brasileiro com
passagem pelo mercado financeiro e formação
tradicional, se provocado, defenderá as reformas, a
manutenção do teto de gastos e a importância da
responsabilidade fiscal Por isso admiro tanto a
economista Monica de Bolle. Pensar como a maioria é
fácil. Mostrar os absurdos convencionais é para poucos.
Clichês não resolvem questões complexas. Está
demonstrado nesse artigo que precisamos de mentes
brilhantes de verdade para nos tirar desse poço de
mesmice. Que suas idéias se multipliquem para iluminar
as próximas gerações. Parabéns! Márcio Barbosa, Rio
de Janeiro, RJ
Este senhor que ainda está ministro da Economia está
mais perdido que cego em tiroteio. Tudo que ele
aprendeu na Escola de Chicago ruiu diante da
pandemia. Sua empáfia e prepotência não permitem
uma autocrítica. Ele se acha o dono da verdade. Eu
diria a esse acaciano senhor: “Vista o manto da
humildade que é a verdadeira vestimenta dos sábios".
Pedro Henrique Fonseca, Rio de Janeiro, RJ
VISTA CHINESA
Em trecho de novo romance lançado pela Todavia,
Tatiana Salem Levy narra a história de um estupro e o
difícil processo de racionalização
Não creio que a autora, Tatiana Salem Levy, tenha
idade para ter sido alfabetizada pela cartilha de minha
infância — "Ivo viu a uva". Por outro lado. vejo Vista
Chinesa pela imagem-chave da carta “As luvas”. Por
ela, a narra- dora conta à filha e ao filho o estupro à
mão na luva armada de que foi vitima quando corria na
Floresta da Tijuca, no Rio de janeiro. Creio ser essa
imagem fragmentária — fundida a muitas outras de
maneira asfixiante na cena trágica, bem ilustrada na
revista — a expressão profunda do pesadelo da mulher
que se vê, real e imaginariamente, atravessada em seu
caminho por mão criminosa, calçada, que lhe corta o
passo, e a pica tal qual instrumento de tortura, triturador,
por todo o seu corpo. Em resumo: Júlia viu a luva. A
mão na luva tem toque machadiano. Por essa direção,
creio, segue e termina o trecho selecionado do
romance. À questão sobre a palavra certa que se põe
com justeza entre o fato e o relato do fato, entre a
lembrança da vivência traumática do passado e a
expectativa de reparação futura pela experiência de
leitura da carta, respondo, reiteradamente, com a mão
na luva, a sua imagem, recortada sobre todas as outras:
se, lembrada na descrição da cara do estuprador, a vó
viu a uva com luvas de pelica. para que suas crianças
não fiquem na mão do acaso ou da má-língua, tem a
mãe a consciência de que lhes é preciso dizer, dizendo
a si mesma, com todas as letras, ter sido vista, ter visto
e ter sido es tu pra da com luvas de pelica na Vista
Chinesa. Nem oblíqua, nem dissimulada. Radicalmente.
Jorge Fernandes da Silveira, Rio de Janeiro, RJ