Clipping Banco Central (2021-02-13)

(Antfer) #1

A solução está no Congresso


Banco Central do Brasil

O Estado de S. Paulo/Nacional - Economia
sábado, 13 de fevereiro de 2021
Banco Central - Perfil 1 - Banco Central

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Autor: JOSÉ MÁRCIO CAMARGO


O resultado das eleições para a presidência da Câmara
e do Senado foi particularmente positivo para o governo.
Foram eleitos os dois candidatos apoiados pelo
presidente da República, com mais votos do que a
maioria absoluta de deputados e senadores, no primeiro
turno.


Este é um resultado importante. Primeiro, porque
sugere que a articulação política do governo nas Casas
legislativas melhorou, em relação ao que vigorou ao
longo de 2020. Segundo, porque os conflitos entre a
cúpula do Legislativo e o Executivo, principalmente na
Câmara dos Deputados, vinha se agravando de forma
insustentável, paralisando a pauta de votações no
Congresso e inviabilizando a discussão e votação de
várias propostas de reformas importantes para
destravar o crescimento da economia. Com o resultado
das eleições da semana passada, criou-se uma
importante janela de oportunidade para que esta pauta
comece a andar no Legislativo.


Algumas reformas constitucionais e marcos regulatórios


são particularmente importantes, como as reformas
tributária e administrativa, os marcos regulatórios do
setor de óleo e gás, do saneamento, das ferrovias, a
autonomia do Banco Central, entre outras. Entretanto,
em razão do aumento do número de casos e de mortes
pela pandemia de covid-19 e a consequente
reintrodução de medidas de restrição à mobilidade em
algumas cidades e Estados, como Belo Horizonte e São
Paulo, a pressão para a recriação de um auxílio
emergencial está aumentando e poderá se tornar
insustentável.

O problema é que não existe espaço fiscal para que um
novo programa como este seja criado em 2021, sem
que o teto do gasto público seja rompido. E romper o
teto poderá levar à fuga de recursos do Brasil,
desvalorização cambial, aumento das taxas de juros,
desaceleração da economia e aumento do desemprego.
Em outras palavras, o governo está diante de um
dilema: reintroduz o auxílio emergencial e fura o teto do
gasto público, com efeitos negativos sobre a economia,
ou não reintroduz o auxílio emergencial, mantém o teto
e, por causa da intensificação da pandemia, a geração
de ocupação e renda será insuficiente para substituí-lo,
o que levaria um grande número de famílias para a
pobreza.

Só existe uma saída para esse dilema: reduzir outros
gastos obrigatórios, que correspondem a 95% do total
de gastos do Orçamento, que se destinam aos grupos
não vulneráveis da população, como os funcionários
públicos, em especial os grupos que recebem salários
acima do teto da remuneração do setor público, os
supersalários; as renúncias fiscais concedidas às
empresas; dedicar parte significativa dos recursos das
emendas parlamentares para financiar o novo
programa; entre outras benesses. Essa solução exige
aprovar o Orçamento e as PECs Emergencial, dos
Fundos e do Pacto Federativo, que estão paralisadas no
Senado à espera do relatório para serem votadas.

Caso essas PECs sejam aprovadas como foram
enviadas para o Congresso, poderiam ser acionados
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