Banco Central do Brasil
O Estado de S. Paulo/Nacional - Notas e Informações
sábado, 13 de fevereiro de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas
economia, mas deve saber de cor quais são os limites
de seu poder. O fato, contu- do, é que é ocioso esperar
que Bolsonaro algum dia aprenda o que é uma
economia de mercado, assim como é perda de tempo
esperar que ele aprenda os fundamentos da democracia
- cuja plenitude só é atingida quando os agentes
econômicos são livres.
Bolsonaro já disse reiteradas vezes - e repetiu agora -
que são impatriotas os "irritadinhos" do mercado. De
acordo com essa concepção, não gostam do Brasil os
investidores que esperam transparência e racionalidade
das empresas nas quais põem seu dinheiro. Também
não gostam do Brasil aqueles que exigem
responsabilidade fiscal e têm ojeriza ao populismo
perdulário. Por conseguinte, o bom brasileiro, na visão
bolsonarista, seria aquele que aceita perder dinheiro em
nome dos interesses eleitorais do presidente.
Mas Bolsonaro compensa largamente seu apedeutismo
econômico com sua astúcia política: diante da escalada
inflacionária, o presidente vem cultivando a narrativa
segundo a qual não tem culpa de nada - a conta é dos
governadores, do vírus e, agora, dos investidores
"irritadinhos". Se há algo previsível neste governo, é a
ânsia de Bolsonaro de fugir de toda e qualquer
responsabilidade.
Assuntos e Palavras-Chave: Cenário Político-
Econômico - Colunistas, Banco Central - Perfil 1 - Paulo
Guedes