Clipping Banco Central (2021-02-13)

(Antfer) #1

A recuperação perde força


Banco Central do Brasil

O Estado de S. Paulo/Nacional - Notas e Informações
sábado, 13 de fevereiro de 2021
Banco Central - Perfil 1 - Produto Interno Bruto

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Sinais mais evidentes da fragilidade do cenário
econômico começam a criar dúvidas sobre a velocidade
e a consistência da recuperação que se desenhava a
partir de meados do ano passado. O que, por algum
tempo, pareceu ser uma recuperação em "V" -
caracterizada por queda acentuada da atividade
econômica seguida de recuperação em velocidade às
vezes até maior do que a da queda - começa a
configurar uma evolução bem menos auspiciosa. Dados
divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) mostram forte perda de ritmo em
segmentos vitais, como o de serviços e o de comércio
varejista.


Resultados mensais ou os acumulados ao longo de
2020 mostram seu pior desempenho em muitos anos. A
atividade econômica está perdendo vigor num momento
em que a inflação dá sinais no sentido oposto,
ganhando impulso. O quadro preocupa pessoas
responsáveis e preocupadas com as condições de vida
da população, mas no centro das decisões políticas em
Brasília parece não haver muitas pessoas com essa
característica, o que tende a piorar as coisas.


Adjetivos pouco usuais nas frias avaliações dos
analistas do mercado financeiro foram utilizados depois
de conhecidos os resultados do comércio varejista em
dezembro (e em todo o ano passado). "Fraco" ou "ruim"
foram as expressões mais moderadas para avaliar a
queda de 6,1% nas vendas do varejo em dezembro, na
comparação com novembro. "Incrível", "total desastre"
foram outras expressões empregadas para avaliar o
resultado. Estas talvez sejam mais apropriadas.

Foi a maior queda registrada no último mês do ano
desde que o IBGE começou a pesquisa. Com a queda
de dezembro, praticamente todos os resultados
positivos acumulados no período da recuperação foram
consumidos. No fim do ano passado, as vendas do
varejo estavam no mesmo nível de fevereiro, isto é,
antes que a pandemia de covid-19 afetasse duramente
a vida das pessoas e a atividade econômica. No ano,
houve alta de 1,2%.

Quanto ao varejo ampliado, que considera também o
comércio de veículos, motos, partes e peças, além de
material de construção, o volume de vendas em 2020 foi
1,5% menor do que em 2019. Em valor, houve alta de
3,3%.

Mais impressionante, nesse cenário que parece perder
sustentação, é a queda de 7,2% dos serviços em 2020,
no pior resultado desde 2012. Como se sabe, os
serviços respondem por mais de 70% do Produto
Interno Bruto (PIB) brasileiro. Por isso, esse resultado
afetará os números finais do PIB em 2020, que serão
conhecidos em março.

Em dezembro, o volume de serviços prestados caiu
0,2% em relação a novembro, o que interrompeu uma
sequência de seis altas mensais. Essas seis altas
consecutivas foram insuficientes para repor as perdas
decorrentes da pandemia.

O recrudescimento da pandemia é um dos principais
responsáveis pela queda dos serviços. O aumento do
número de casos exige medidas mais rigorosas para
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