Aero Magazine - Edição 321 (2021-02)

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o início de
dezembro de
2020, a startup
norte-americana
Boom Supersonic
apresentou seu demonstrador
de tecnologia XB-1, criado para
a realização de estudos de viabi-
lidade do voo supersônico civil.
A aeronave é parte do projeto
Overture, que pretende cons-
truir um avião de passageiros
capaz de voar com 60 lugares
acima da velocidade do som.
Construído em escala com um
terço das dimensões do futuro
modelo, o protótipo deve voar
ainda em 2021.
Um dos muitos desafios do
XB-1 será demonstrar a viabi-
lidade do desenho planejado
para o Overture, cumprindo
os parâmetros de velocidade,
consumo de combustível e
emissão de ruído estabelecidos
virtualmente. Ele deverá com-
provar a viabilidade também do
uso de combustíveis sintéticos,
que prometem ser mais baratos
e menos poluentes. O sonho
do voo supersônico comercial
(e a corrida tecnológica para
alcançá-lo) está de volta.

CONCORDE
Há quase vinte anos, o Con-
corde deixava os céus defi-
nitivamente. O supersônico
anglo-francês, que surgiu em
um período em que a alta velo-
cidade parecia ser o caminho da
aviação, seja civil ou militar, saiu
de cena após um acidente fatal

em 2000 e aumentos proibitivos
de seus custos operacionais.
Desde então, uma série de
projetos surgiu com a pro-
messa de retomada dos voos
supersônicos civis. Alguns se
mostraram bastante imprová-
veis, mas, na última década,
diversas stratups passaram a
buscar uma forma de viabilizar
voos acima de 1.500 quilôme-
tros por hora, obedecendo a
duas regras básicas: consumo de
combustível aceitável e emissões
tanto de gases como de poluição
sonora dentro das atuais regras
ambientais.
Projetado nos anos 1960,
quando o petróleo era um
insumo barato e não havia quase
preocupações ambientais, o Con-
corde prometia revolucionar o
transporte aéreo. Eram previstas
duas versões, uma de longo e
outra de médio alcances. Os so-
viéticos largaram na frente com o
Tupolev Tu-144, pejorativamente
chamado de “Concordisk”, ainda
que pouco do projeto remeta ao
supersônico europeu.
Os norte-americanos
abriram uma concorrência
que envolveu seus principais
fabricantes, mas acabou vencida
pela Boeing. O programa era
tão caro que seria custeado pelo
Estado, tendo como contrapar-
tida os royalties por cada venda.
Após uma série de estudos,
projetos, análises e investi-
mentos bilionários, os Estados
Unidos formalmente abandona-
ram a corrida supersônica civil
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