Aero Magazine - Edição 321 (2021-02)

(Antfer) #1

MAGAZINE 321 | (^29)
engenharia aeronáutica. Mas as
coisas são mais complicadas do
que parecem.
Construir um caça que voe a
Mach 2 exige um dado esforço,
mas, quando se desenvolve um
avião do porte do bombardeiro
Tu-160, o problema não cresce
apenas em uma direção, mas em
todas. “É um desafio em três di-
mensões. Cada ponto que mexe
em um eixo gera um efeito em
outro, exigindo uma solução
particular. Quando se aplica tal
solução, muda o ponto inicial
do eixo um e assim as coisas se
dificultam...”, explica Richard
Ozzie, engenheiro aeroespacial.
“Quanto maior o avião, mais
difícil é solucionar questões que
seriam menos exigentes em um
modelo menor, como um caça”.
Daí a ideia de criar o
XB-1, um demonstrador com
dimensões menores para
validar a tecnologia do futuro
Overture. O jato experimental
será tripulado por dois pilotos,
sendo impulsionado por três
motores General Electric J85-
15, atingindo até Mach 2.2. A
aerodinâmica de alta eficiência
foi otimizada por uma com-
plexa simulação realizada em
computador, que se difere dos
modelos matemáticos existentes
na época do Concorde e mesmo
de programas militares recentes.
Um dos destaques do XB-1
é ter sido construído em fibra
de carbono, o que, em tese,
soluciona uma série de proble-
mas mecânicos, como fadiga de
material, dilatação, entre outros.
Porém, nenhum avião militar
foi completamente construído
em material composto, nem
projetado para um alto índice
de uso, voando diariamente aci-
ma de Mach 1. Validar a escolha
dos materiais também será uma
das missões do XB-1. Outro
trabalho atribuído ao avião será
comprovar a viabilidade do
voo supersônico sem o estron-
do causado pela aeronave ao
ultrapassar a barreira do som,
podendo direcionar a onda
sonora para a atmosfera e não
para o solo.
Esse é um dos pontos mais
importantes de qualquer projeto
supersônico civil. Resolver a
questão do estrondo sônico,
o famoso boom. Ainda que
muitos imaginem que as fotos
com o cone de condensação em
torno de caças, especialmente
o F/A-18, sejam feitas no exato
momento da quebra da barreira
do som, elas não passam de um
efeito de condensação da umi-
dade determinado pela enorme
pressão dinâmica naquele ponto
do avião. É quase o mesmo
efeito visto nas pontas das asas e
nos flaps dos aviões comerciais
durante decolagens e pousos em
dias úmidos.
O efeito da quebra da bar-
reira do som em baixas altitudes
é tão violento que quebra jane-
las em um raio enorme ao redor
do avião, pode causar surdez
instantânea e permanente em
quem estiver próximo, entre
PROJETO OVERTURE PRETENDE
REALIZAR O ROLLOUT DE UM
AVIÃO SUPERSÔNICO PARA ATÉ
60 PASSAGEIROS EM 2025

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