Aero Magazine - Edição 321 (2021-02)

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outras consequências. Basta
lembrar que apenas o desloca-
mento brusco do ar causado
por um Mirage da Força Aérea
Brasileira já quebrou as janelas
do prédio do Supremo Tribunal
Federal.

CORREDOR SUPERSÔNICO
Além da destruição de vidraças
e do destelhamento de imóveis,
o estrondo sônico ainda gera
danos ao meio ambiente. O
barulho constante, similar a
um trovão, pode afetar a fauna
e a flora. Tanto que, desde a
década de 1970, existem regras
que proíbem voos supersôni-
cos sobre o continente, com
algumas raras exceções sobre
áreas desabitadas. Visando jus-
tamente resolver essa questão,
o Departamento de Transporte
do Kansas, na região central dos
Estados Unidos, assinou um
acordo com a FAA, a agência
de aviação civil daquele país,
para estabelecer o Corredor
de Transporte Supersônico do
Kansas (SSTC), que será usado
para avaliar aeronaves que voem
a até Mach 3.
A criação de uma zona de
voos supersônicos sobre o conti-
nente é fundamental para tornar
viável a operação desse tipo de
transporte, que hoje só pode
voar acima da velocidade do som
sobre oceanos e algumas regiões
desabitadas. O corredor de 770
milhas náuticas será do tipo
bidirecional, indo ligeiramente

a oeste e sul de Garden City,
Kansas, até quase Pittsburg, no
leste, em altitudes acima do nível
de voo 390 (FL390), passando
direto por Wichita.
O corredor supersônico
criará as condições necessárias
para a ampliação dos ensaios
em voo com o demonstrador de
tecnologia X-59 Quiet Super-
Sonic Technology (QueSST),
desenvolvido pela Nasa em
parceria com a Lockheed
Martin. O avião experimental
deverá comprovar a viabilidade
de um design que permita voar
supersônico sem a geração de
uma grande onda de choque,
reduzindo o estrondo sônico. A
ideia é que o boom seja quase
todo direcionado para a atmos-
fera superior.
A Nasa espera que os voos
com o X-59 permitam vali-
dar uma série de teorias que
mostraram bom desempenho
em ensaios de túnel de vento.
A construção do avião ocor-
reu após um contrato de 247,5
milhões de dólares, mais taxa de
incentivo, e está sendo finali-
zado no icônico escritório de
engenharia Skunk Works da
Lockheed Martin, em Palmdale,
Califórnia. O time no passado
foi responsável por aviões como
o U-2, o SR-71, o F-117 e até
mesmo o F-22.

NASA E LOCKHEED
O X-59 é parte do chamado
projeto Low Boom Flight De-

NARIZ LONGO E AFILADO DO X-59


FEITO POR NASA E LOCKHEED


PROMETE NEUTRALIZAR A MAIOR


PARTE DO EFEITO DO BOOM SÔNICO

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