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- podem, sim, substituir de forma
eficaz uma parcela das viagens
para reuniões de negócios e de-
terminados eventos e congressos.
Observe o leitor que a per-
gunta não é quando a demanda
voltará aos níveis de 2019; a per-
gunta trata de uma nova realidade:
e se houver uma perda irreversível
da demanda, esta perda for de 20-
25% e for exatamente no segmen-
to de maior rentabilidade? Como
empresas aéreas e aeroportos
passarão a lidar com isso? Quais
estratégias, ações e novas tecnolo-
gias podem entrar em cena? No-
vos modelos de negócio surgirão?
Modelos e práticas tradicionais
desaparecerão?
Se alguém estiver pensando
que uma queda irreversível desta
magnitude seja impossível de
ocorrer, pare um pouco, respire
fundo, vista o casaco da humilda-
de, pense novamente e aproveite
para ler com bastante atenção a
descrição do cenário da pande-
mia lá do estudo feito em 2010.
RADICALISMO E
ANTAGONISMO
Passemos para a última pergunta:
foquemos nos profissionais que
fazem acontecer o dia a dia das
empresas aéreas e dos aeroportos.
A pandemia parece que acendeu,
em diversos países, uma teia de
radicalismos entre indivíduos e
grupos com opiniões diferentes.
Esses radicalismos têm raízes
motivadas por ideologias políticas
antagônicas, pelo pânico e pela
histeria, por movimentos inten-
cionalmente segregadores e por
promotores de caos travestidos de
bons moços. Veem-se claramente
comportamentos xenófobos com
relação a este ou aquele povo;
veem-se claramente indivíduos
e grupos buscando impor suas
opiniões a outros grupos e indi-
víduos custe o que custar; vê-se
a cultura do “cancelamento” em
cada esquina, em cada mídia so-
cial; e vê-se claramente que esses
indivíduos ou grupos radicais não
têm fronteiras, nem faixa etária e,
muito menos, ocupação profis-
sional definida para eclodirem e
impactarem muito negativamente
as relações sociais, a economia, o
fluxo de pessoas e bens, o ir e vir
dos cidadãos comuns.
Estes são fatos, não é mais um
cenário possível de ocorrer; com-
portamentos individuais e cole-
tivos desta natureza aconteceram
em larga escala e podem voltar a
ocorrer em grande intensidade
em várias partes do mundo. Neste
sentido, como empresas aéreas,
aeroportos e autoridades de fis-
calização e controle de fronteiras
podem repensar seus treinamen-
tos de pessoal para:
1) identificar e quantificar o risco
de tensões e embates iminentes;
2) avaliar os potenciais impactos
desta animosidade na cabi-
ne, na segurança de voo e na
tranquilidade dos passageiros
durante uma viagem internacio-
nal de logo curso;
Nova realidade
pode impor desafios
além do mero
distanciamento social