20 VIAJEMAIS
sumiu o poder e deu o pontapé
inicial no Renascimento, o perío-
do que reascendeu a cultura gre-
co-romana na Europa do século
14 a 16, trazendo progresso às
Artes, à Literatura e às Ciências.
Os Médici dominaram Florença
de 1434 a 1737, até que a úl-
tima da linhagem, Maria Luiza,
sem herdeiros, fez um testamento
deixando bens, palácios e obras
de arte para a cidade, com uma
condição: o que ali está, ali fica.
E dá vontade de ver tudo.
Um destino certo é a Galeria
L’Academia. Ali está Davi, de cor-
po e alma. Seu corpo tornou-se
referência da representação mas-
culina. Sua alma foi liberta por
Michelangelo Buonarote de um
bloco único de mármore de Car-
rara. Foram três anos de trabalho
(1501-1504), e Davizão passou a
morar na Piazza della Signoria.
Ao relento, teve o dedo quebra-
do, fraturou o braço, foi vítima
de um raio, ficou escondido sob
um tapume até dar um basta no
azar e mudar de endereço. Está
na Academia desde 1873, lindo,
leve e solto – peladão como veio
ao mundo. Aprecie, mas evite a
gafe de comentar sobre suas me-
didas íntimas, desproporcionais
para seus 5,17 metros de altu-
ra. Explico: dava-se grandeza
à genitália dos povos bárbaros,
incultos e grosseiros. Era dese-
legante fazer isso com um mo-
ço de cultura e inteligência. Em
contrapartida, os pés e as mãos
de Davi são exagerados. A cabeça
é maior que o tronco. A previ-
são era para Davi ficar no alto do
Duomo e as dimensões trariam
proporcionalidade a quem o visse
de baixo. “Saidinho”, Davi tem
andado por toda Florença desde
europa Toscana