Viaje Mais - Edição 191 (2017-04)

(Antfer) #1

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T


odos os dias, alguns minu-
tos antes do sol se pôr em
João Pessoa, um sujeito de lon-
gos cabelos grisalhos, vestido
de branco e com um saxofone
nas mãos, embarca em uma pe-
quena lancha às margens do rio
Sanhauá, na praia (fluvial) do
Jacaré. O barqueiro aciona os
motores, começa a navegar bem
devagar e o homem, de pé na
lancha, começa a tocar no saxo-
fone o célebre Bolero de Ravel.
O sujeito é o Jurandy do Sax, que
se tornou a maior celebridade de

João Pessoa, justamente por fa-
zer todos os dias o mesmo ritual:
tocar o Bolero de Ravel na hora
do pôr do sol. Uma multidão de
turistas se junta para assistir ao
espetáculo na margem do rio,
onde construíram um calçadão
cheio de lojinhas de artesanto
e espalharam caixas de som em
diversos pontos para ecoar a mú-
sica. O sincronismo é absurdo.
Os últimos acordes do bolero
sempre coincidem com o mo-
mento em que o sol se esconde
no horizonte. O pessoal ouve em

respeitoso silêncio, com os celu-
lares nas mãos para filmar a cena.
Não se paga nada para assistir, a
menos que você queira embar-
car nos catamarãs que ficam mais
pertinho da lancha do Jurandy.
O pôr do sol na Praia do Jacaré é
a maior tradição de João Pessoa.

O Pôr dO sOl nA
PrAiA dO JAcAré

4 O centrO^
históricO

J


oão Pessoa é uma das cidades
mais antigas do Brasil e tem
um centro histórico bem inte-
ressante, com casas coloridas,
calçamento de pedras e uma
lindíssima igreja, a igreja de São
Francisco, que é uma das obras-
-primas do barroco brasileiro.
Tem altares entalhados em ma-
deira e folheados a ouro, azulejos
portugueses no adro e no pátio
interno. Não faz feio nem para
as igrejas de Ouro Preto.
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