Clipping Banco Central (2021-02-17)

(Antfer) #1

ROSANGELA BITTAR - O tempo Huck


Banco Central do Brasil

O Estado de S. Paulo/Nacional - Política
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas

Clique aqui para abrir a imagem

Entre a máxima de que há vida pensante fora do
fisiologismo do Centrão e a constatação de que setenta
por cento dos brasileiros não querem mais quatro anos
do extremista Jair Bolsonaro, o tempo de tolerância
concedido a Luciano Huck está se esgotando. Ele tem a
mais consistente das candidaturas fora dos eixos da
política partidária e está sendo forçado a se decidir, o
que fará em meados do ano.


Não se trata de prazo da lei eleitoral, nem de atender às
conveniências pessoais e profissionais do empresário.
Mas de uma exigência imposta pelo cenário dinâmico.
Huck, que parecia atravessar olimpicamente as
preliminares de resistência, inclusive aos preconceitos,
está diante da hora da verdade. Avança, em silêncio. Os
movimentos políticos de fevereiro não levaram o
potencial candidato a mudar sua estratégia. Nem
mesmo o revés da submissão do DEM, partido com
quem vinha se alinhando, a Bolsonaro.


Ele tem exposto aos colaboradores sua teoria dos três
tempos. Há o tempo dos políticos, e os movimentos de
hoje nele se encaixam. Há o tempo do jornalismo
político, que precisa de definições para trabalhar suas


análises. E há o tempo das ruas. Huck acredita estar no
tempo certo.

Superou a fase de conhecer o Brasil, reunir as melhores
pessoas para ter a melhor visão de cada área e
construir, também em discreta ação, um projeto. Sem
este, acredita, não poderá se apresentar.

Poucos possíveis candidatos desfrutaram desta regalia
e a etapa passou, com sucesso.

A questão agora é transferir para a realidade política
estas escolhas. Identificar as afinidades de partidos e
líderes, aprofundar as conversas e fechar
compromissos. Reúne-se com o PSB e o PSD, dois
novos parceiros que se somaram a Podemos,
Cidadania, PSDB, PCdoB. A ideia é estimular os
"players" destas legendas, para usar um termo do
vocabulário empresarial do futuro candidato.

A marca oposicionista essencial é quase um lema:
"Quem achar que é Bolsonaro o presidente que o Brasil
merece, está fora".

A própria pandemia exclui o bolsonarismo de um projeto
que acene com compromissos políticos racionais. E é a
questão número um da agenda da desconstrução do
negacionismo, obrigatória para quem vencer. Tal como
o modelo Joe Biden, ao remover o entulho deixado por
Donald Trump.

Bolsonaro retomou agora um arremedo de governo
assinando uma série de medidas insanas que exigem
supressão, ao mesmo tempo em que se inicia novo
projeto. A vedete é o inoportuno pacote da liberação
irresponsável de armas e munições, que as ruas podem
definir como "fique em casa e tranque a porta".
Qualquer brasileiro será um atirador em potencial ou
vítima provável. Por razões irrelevantes, inclusive
nenhuma. Os amigos do rei ficam protegidos, haverá o
excludente de ilicitude.

Para a saúde, mantém-se a crença de que o Brasil
Free download pdf