Clipping Banco Central (2021-02-17)

(Antfer) #1

Os corruptos, unidos, jamais serão vencidos


Banco Central do Brasil

O Estado de S. Paulo/Nacional - Espaço Aberto
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: José Nêumanne


''Corrupção é como inflação: não acaba nunca", disse o
exministro do Trabalho Almir Pazzianotto no vídeo
editado no Blog do Nêumanne no portal do Estadão.
Desalentadora, a sentença soa realista neste momento
em que mais um surto moralizador da gestão da renda
republicana se desmancha sob as fantasias de Jair
Bolsonaro, eleito presidente nas vagas antipetista e de
exaltação ao combate à roubalheira.


A onda anterior foi causada pelo oportunismo do ignoto
governador de Alagoas Fernando Collor, que sepultou
as pretensões presidenciais de desunidas lideranças
"democráticas" da época: Ulysses Guimarães, Mário
Covas, Aureliano Chaves e Lula da Silva. Denúncias
tornadas públicas pelos procuradores da República Luiz
Francisco de Souza, o "Torquemada", e Guilherme
Shelb, ambos regidos por José Dirceu, do PT,
desmascararam a hipocrisia do "caçador de marajás",
que teve seu impeachment aprovado no Senado.
Apesar do apoio de Roberto Jefferson, do PTB, e da
tentativa vã de renunciar para evitar a quarentena
imposta a punidos pela perda do mandato presidencial.


O luto usado no lugar das cores do "auriverde pendão"
dos manifestantes nas ruas tornou protocolar a adesão
de governos federais aos acordos internacionais que
apenaram com dureza o furto dos cofres públicos. A
regulamentação das delações premiadas, a
ressurreição da autorização para início de cumprimento
de pena após a condenação em segunda instância e a
criação de forças-tarefa no Ministério Público Federal
costuraram os buracos pelos quais os fora da lei
escapavam das redes de operações, caso da Castelo
de Areia. Nesta, a chicana da anulação da montanha de
provas contra a empreiteira Camargo Corrêa ruiu por
causa de a primeira delas ter sido anônima. Por propina,
como relatou o delator Antônio Palocci. O cidadão
comum desfraldou as bandeiras e foi às ruas.

Em 2018, candidato sem fazer campanha, sem
participar de debates na televisão e, em teoria, com
caixa reduzido, o Collor da vez, Jair Bolsonaro, capitão
flagrado em tentativa terrorista que o fez desistir da
carreira militar, deixou nomes consagrados da "velha
política" na poeira - Geraldo Alckmin, Ciro Gomes e
Marina Silva. E prostrou ao solo o poste de Lula,
Fernando Haddad, no segundo turno.

Enquanto isso, o Congresso, com maioria composta de
condenados, culpados, denunciados, investigados e
temerosos de virem a sê-lo, solapou, tijolo por tijolo, a
frágil construção da luta contra a corrupção, com a
cumplicidade da cúpula do Poder Judiciário, jogando o
combate à corrupção às favas. O trabalho minucioso de
agentes, procuradores e juízes federais foi reduzido a
cinzas pelo "garantismo" de ocasião, e de plantão, de
ministros nomeados por favores a serem cobrados por
chefões das organizações ditas partidárias, no mínimo,
coniventes com o crime.

Com 28 anos de convívio com raposas acostumadas a
arrombar galinheiros no Congresso, onde nunca fez
nada, Bolsonaro logo abandonou os disfarces e mostrou
a que veio. Nomeou o petista André Mendonça, que fez
carreira na Advocacia-Geral da União sob os auspícios
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