Sem auxílio e sob restrições da pandemia, economistas apontam risco de
recessãoBanco Central do BrasilO Estado de S. Paulo/Nacional - Economia
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021
Banco Central - Perfil 1 - Banco CentralClique aqui para abrir a imagemAutor: Vinicius Neder/Rio
Em meio ao recrudescimento da pandemia, a economia
brasileira entrou em 2021 dando sinais de perda de
fôlego. Sem o auxílio emergencial para trabalhadores
informais, extinto a partir de janeiro, uma retração do
Produto Interno Bruto (PIB) neste primeiro trimestre já
estava no radar. Agora, vem crescendo o número de
analistas que esperam queda também no segundo
trimestre, configurando o que o mercado chama de
"recessão técnica", quando a economia se contrai por
dois trimestres seguidos.
Com um Natal fraco para o comércio e com o setor de
serviços terminando o ano ainda longe do normal, o
sinal de dezembro foi de arrefecimento na retomada da
economia. Para piorar, os primeiros dados de janeiro,
como os índices de confiança do consumidor e dos
empresários, o fluxo nas estradas e a venda de
veículos, não foram bons.
Um movimento de revisão para baixo nas projeções de
crescimento para o primeiro trimestre e para 2021 como
um todo já estava em curso desde o ano passado.
Agora, os dois trimestres seguidos de retração já estão
no cenário das equipes de análise do banco BNP
Paribas, da consultoria MB Associados e do Instituto
Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas
(Ibre/FGV).A MB Associados passou a projetar duas retrações
seguidas no PIB, tanto no primeiro (-0,8%) quanto no
segundo (0,3%) trimestres. Para o economista-chefe da
consultoria, Sérgio Vale, um dos problemas é que a
vacinação contra a covid19 vai demorar a deslanchar."Estou otimista com as vacinas, e vejo chance de o
programa de imunização acelerar ao longo do caminho,
podendo ter impacto potencialmente explosivo lá na
frente, já que mais vacinas estão surgindo. No começo,
no entanto, a produção, aquisição de insumo,
negociação política, é tudo mais lento e podemos entrar
numa recessão leve", diz Vale.Outras equipes - como as dos bancos Citi, Goldman
Sachs, Fibra e Santander e a da consultoria Tendências- veem a economia estagnada no primeiro semestre,
combinando queda no PIB do primeiro trimestre com
baixo crescimento no segundo.
Pessimismo. Dados econômicos da última semana
corroboraram o cenário mais pessimista. Na quarta-
feira, o IBGE informou que as vendas do varejo caíram
6,1% em dezembro ante novembro, bem abaixo das
mais pessimistas projeções. Na quinta-feira, o
desempenho negativo do setor de serviços queda de
0,2% ante novembro, que não surpreendeu - confirmou
o clima de desaceleração. Na sexta-feira, o IBC-Br,
indicador de atividade do Banco Central (BC), veio com
alta de 0,64% em dezembro, mas não foi suficiente para
mudar o humor.Segundo Bráulio Borges, economista sênior da LCA