Clipping Banco Central (2021-02-17)

(Antfer) #1

General Pesadello, pela hora da morte


Banco Central do Brasil

Folha de S. Paulo/Nacional - Mercado
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: Vinícius Torres Freire


Ministro está com a corda no pescoço, mas ainda pode
virar o jogo das vacinas


A Confederação Nacional dos Municípios pediu a
cabeça de Eduardo Pazuello, ainda aboletado no
Ministério da Saúde. A Frente Nacional de Prefeitos diz
que o governo de Jair Bolsonaro é culpado pela falta de
vacinas e ainda se perde com coisas como decretos de
armas e "pauta de costumes".


Nesta quarta-feira (17), governadores têm reunião com
o general Pesadello (João Doria não vai). Vão cobrar o
cronograma de entrega de vacinas até abril, dinheiro
para pagamento de leitos de UTIs e fazer pressão para
que se aprove a fabricação da vacina russa no Brasil.
Pesadello está pela hora da morte, que sempre foi o seu
tempo.


A vacinação vai parando, por falta de doses. Vai
andando o inquérito do Supremo sobre Pesadello.
Vidas, a economia e o prestígio de Jair Bolsonaro vão
depender da política e de alguma esperteza do governo


nas próximas semanas.

Governadores são bem mais próximos de senadores do
que os deputados. Vários estão como medo do que vai
acontecer com sua fama caso a vacinação seja
interrompida, como deve ser, nos próximos dias.

Há no Senado um pedido de CPI para investigar o
desastre o Pazuello, um grosseirão autoritário,
intelectualmente limitado e incapaz de administrar um
almoxarifado de arruelas. Se Pazuello fugir da casinha,
como de costume, Rogério Pacheco (DEM-MG),
presidente do Senado, poderá ter mais dificuldade de
segurar a CPI --nesta quinta (18) deve haver reunião
decisiva de senadores.

Embora CPIs sejam cada vez mais fracassadas,
sabotadas ou de algum modo inócuas, são sempre um
risco. No caso da incompetência criminosa da Saúde, o
problema espirra em Bolsonaro, pois Pazuello é um
capacho do presidente.

Dois senadores sem amor algum pelo governo dizem
que Pazuello pode ajudar a adiar a CPI. Precisa
demonstrar pelo menos uma vez capacidade de
conversar, de conter suas grosserias de caserna.
Contidas as patadas, teria de provar que virão
regularmente insumos da China para fabricar mais
vacinas e resolver o financiamento de UTIs.

Mesmo com a sua inteligência escassa, Pazuello
poderia ganhar tempo para mostrar que seu
cronograma de vacinas pode funcionar (e fazê-lo
funcionar). Um calendário baseado em possibilidades
de produção do Butantan e da Fiocruz, além de doses
da Covax, indica que até março poderiam ser vacinados
pouco mais de 31 milhões de pessoas. Até abril, 51
milhões. Até maio, 68 milhões. Seria uma mudança de
jogo: a imunização de grupos em que morrem 89% das
vítimas de Covid-19. No entanto, por ora chegaram
apenas doses para vacinar 15 milhões (foram aplicadas
ou podem ser fabricadas com material já entregue ao
país).
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