Clipping Banco Central (2021-02-17)

(Antfer) #1

Os comandantes e o bolsonarismo


Banco Central do Brasil

Folha de S. Paulo/Nacional - Opinião
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: Vinicius Sassine


brasília No comando do Exército, o general Eduardo
Villas Bôas agiu para pressionar o STF e para favorecer
seu candidato à Presidência: Jair Bolsonaro. Um tuíte
com verniz conspiratório, agora dissecado pelo próprio
Villas Bôas, foi feito para interferir no julgamento de um
habeas corpus do ex-presidente Lula, em 2018. A prisão
do petista mudou a eleição.


As reações ao que ocorreu naquele momento -chave
chegam com um atraso já habitual na democracia
brasileira. Além de tardias, não passam de ruídos. E o
mesmo deve ocorrer em relação à postura de um outro
comandante, sucessor de Villas Bôas e atual líder do
Exército brasileiro: o general Edson Leal Pujol.


Pujol não é Villas Bôas. Seuestilo é quase o oposto.
Não há verborragia, redes sociais, pontes sólidas no
mundo político ou ausência de sutilezas. Mas o
comandante serve ao ideário bolsonarista, e sua
conduta (ou a ausência dela) ajuda a compor as
ofensivas mais danosas de Bolsonaro nesta primeira
metade de mandato.


A permanência do general Edu- ardo Pazuello no cargo
de ministro da Saúde e na ativa do Exército contou com
aval de Pujol. Pazuello, hoje, é investigado por crimes e
improbidade, suspeito de omissão diante de iminentes
mortes por asfixia.

O laboratório do Exército produziu 3,2 milhões de
comprimidos de cloroquina, droga sem efeito para
Covid-19, porque não houve objeção do comandante.
Pelo contrário: o Exército distribuiu o medicamento de
Bolsonaro a estados e municípios.

E o armamento da população, com flexibilização de
regras, passa diretamente pelo esvaziamento de
atribuições do Exército. Mais uma vez, Pujol é
condescendente.

O comandante justifica a postura com explicações
genéricas. "O laboratório do Exército é executor, não
decide sobre medicamentos." Ou: "A passagem do
militar à inatividade não é decisão discricionária do
comandante". Os próximos anos podem servir para
novas reações à relação entre um comandante e o ex-
capitão.

Hoje, excepcionalmente, não é publicada a coluna de
Bruno Boghossian

Assuntos e Palavras-Chave: Cenário Político-
Econômico - Colunistas
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