71permite abrir uma conta bancária – ou qualquer outro ser-
viço. Alberto Lima acredita que, ainda assim, pode fazer
a diferença face à concorrência: «Já há bancos que usam
outros tipos de soluções de autenticação pelo rosto, mas são
soluções que recorrem às ferramentas dos fabricantes de
tecnologias. O que significa que se usar um telemóvel para
me autenticar não há garantia que poderei continuar a usar
essa autenticação, caso tenha de usar um computador (de
outro fabricante) e vice-versa».
A Biometrid foi desenvolvida com vista à instalação nos
servidores de uma empresa – e por isso facilita a autentica-
ção de pessoas a partir de todo o tipo de câmaras. Além de
permitir que um serviço de autenticação passe a dispensar
passwords, cartões de identidade e títulos de transporte, tem
a vantagem de garantir que é mesmo uma pessoa que está
a usar um determinado serviço e não alguém que recorre a
uma password indevidamente partilhada ou extraviada. O
que não impede de levantar outra questão: será que a Polygon
está a abrir caminho a um novo “big brother” que permite
que múltiplas entidades estatais ou privadas saibam por onde
andam as pessoas no dia-a-dia?
Alberto Lima considera que não há razão para alarme: «To-
dos os dados dos utilizadores são enviados para servidores das
empresas que prestam os serviços. Os dados são anonimizados,
através da associação de uma hash (uma referência alfanumérica)
que substitui a identidade real de cada utilizador. A nossa solução
respeita Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD)».
A VOZ TAMBÉM
SERVE DE AUTENTICAÇÃO
Além da autenticação com imagens de rosto, a Polygon
tem vindo a desenvolver ferramentas que permitem
autenticar remotamente pessoas através de registos
sonoros da voz. Nesta vertente, a autenticação é
levada a cabo através da comparação de frequências
captadas no momento com registos que se encontram
na base de dados de uma empresa. Os responsáveis da
startup recordam que, também nesta variante, há um
especial cuidado para evitar a violação da privacidade
ou o uso abusivo de informação que ajude a identificar
de forma ilegal uma pessoa fora do contexto em que
a autenticação deverá ser usada. Para evitar esses
casos, a ferramenta criada pela Polygon substitui os
dados identificativos de cada pessoa por expressões
matemáticas que, apesar de permitirem fazer a
autenticação, não permitem estabelecer uma relação
entre uma voz e uma identidade. Na Polygon, há a
expectativa de usar a voz como forma uma alternativa
que tanto pode complementar a autenticação
por imagens de rosto como pode ser usada para
cenários em que não é possível captar imagens dos
utilizadores. O estreia comercial da autenticação por
voz poderá não demorar muito mais a acontecer. A
deteção de fraudes por telefone é a área que revela
maior potencial. «Já começámos a testar este tipo
de autenticação em África, a fim de detetar fraudes
na atribuição de pensões através de telefonemas
automáticos», explica o responsável da Polygon.
COMO FUNCIONA A BIOMETRID
O UTILIZADOR TIRA UMA FOTO AO CARTÃO DO CIDADÃO,
QUE SERVE DE REFERÊNCIA BIOMÉTRICA E ENVIA PARA
OS SERVIDORES QUE MANTÊM SERVIÇO ONLINE ONDE
PRETENDE SER AUTENTICADO.DEPOIS TIRA UMA FOTO AO ROSTO PARA COMPARAÇÃO COM
A REFERÊNCIA FORNECIDA PELO CARTÃO DO CIDADÃO. A
CAPTAÇÃO DE IMAGENS DO ROSTO SERÁ LEVADA A CABO
SEMPRE QUE QUISER AUTENTICAR-SE. A FERRAMENTA TEM
COMO REQUISITO TÉCNICO O USO DE IMAGENS COM UM
MÍNIMO DE 11 PÍXEIS ENTRE OS OLHOS.ENVIADOS OS DADOS, A ENTIDADE QUE USA A BIOMETRID
PASSA A DISPONIBILIZAR A AUTENTICAÇÃO PELO ROSTO
ATRAVÉS DA INTERNET PARA CADA UTILIZADOR REGISTADO.
ALÉM DE DISPENSAR PASSWORDS, A FERRAMENTA GARANTE
QUE É AQUELA PESSOA QUE ESTÁ A USAR O SERVIÇO.