83DIFICULDADE MÉDIA1324FOTOGRAFIADOMINE A REDUÇÃO
DE RUÍDO NAS FOTOS DIGITAIS
As câmaras dos smartphones funcionam com sensores de pequena dimensão, e que são
por isso particularmente propensos à criação de ruído digital. Mas há solução para istoA fotografia digital está tão avançada que até um
simples smartphone consegue alterar uma imagem
captada pela câmara com a aplicação de filtros por
software. Lembra-se do Beautygate? Mesmo que não
lhe diga nada, remete desde logo para o caso Watergate
que provocou o pedido de demissão em 1974 do então
presidente norte-americano Richard Nixon.
O Beautygate acontece 24 anos depois, aquando do
lançamento dos iPhone Xs e Xs Max em de setembrode 2018 – e quando se percebe que estes smartphones
aplicam um filtro de beleza para tornar os rostos das
pessoas mais “belos” nas selfies que tiram (questão
entretanto corrigida com o lançamento do iOS 12.1).
E é aqui que chegamos à parte da história que nos
interessa para este artigo: como a aplicação automática
de técnicas como HDR e de redução agressiva de ruído
podem alterar uma imagem. Veja resumidamente como
funciona todo o processo. João Pedro FariaA fotografia digital tem como base um sensor de captura
formado por diversos pontos que constituem os milhares
de elementos de uma imagem, sendo vulgarmente conhecidos
como píxeis. Quando prime o obturador é criada uma carga
elétrica precisamente no momento em que a luz captada pela
lente atinge os píxeis – e quanto mais intensa for a luz, mais
forte será a carga criada nesses píxeis e consequentemente
mais brilhante serão essas áreas na imagem.Ao tirar uma foto, a câmara converte os dados da
imagem num JPEG usando complexos cálculos
matemáticos e descartando bastantes dados para que o
ficheiro não fique pesado. Muitas câmaras aplicam algum
processamento para aprimorar a imagem, aumentando o
contraste e a saturação e reduzindo o ruído. Regra geral, isto
é positivo já que os algoritmos de redução de ruído funcionam
bem, medindo e corrigindo pequenas variações entre os píxeis.Porém, é produzida também uma pequena corrente
elétrica de fundo que cria ruído digital e dá origem aos
problemas: As áreas mais claras da imagem têm mais dados
face às de sombra, pelo que a razão sinal/ruído é menor nas
áreas escuras – e é por isso que as áreas de sombra de uma
imagem são mais propensas ao ruído visível; e os sensores
de imagem maiores captam mais luz, sendo assim menos
propensos ao ruído digital – pelo que a razão sinal/ruído é maior.A redução de ruído é assim eficaz na grande maioria das
vezes e é uma parte importante no pós-processamento
de uma imagem digital. Mas apesar de o JPEG funcionar
visualmente melhor que o RAW bruto, tudo se complica quando
os algoritmos são demasiado agressivos para o meio usado –
como foi o caso do Beautygate, em que a suavização radical
das variações naturais (como os tons de pele) e de qualquer tipo
de ruído digital provocava o look artificial.