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uma das mais conhecidas e velhas fraudes do mundo online: receber
um e-mail de um príncipe nigeriano que precisa da nossa ajuda para
movimentar dinheiro. É tão antigo que até se tornou numa espécie
de piada sempre que se fala no tema das burlas online, mas em 2018
ainda foi responsável por roubar o equivalente a mais de 700 mil euros
em todo o mundo. Mais do que um exemplo, é uma lição: por muito
que se avise, por muito que se alerte para a fraude, há utilizadores
que continuam a ter uma postura demasiado descontraída perante
situações suspeitas. Os resultados, por vezes, são nefastos: roubo
de identidade, perda de dinheiro, perda de informação, ser vítima
de chantagem online ou pode até mesmo resultar na paralisação de
organizações inteiras. A maior especialidade dos burlões e dos piratas
informáticos é, talvez, levar as pessoas a clicarem no que não devem.
A curiosidade humana tem sido uma verdadeira galinha dos ovos
de ouro para quem vive de esquemas de roubo através da internet.
A ocasião faz o ladrão e a crise da Covid-19, que fez tudo e todos
passarem mais tempo online, tornou-se na ‘desculpa’ ideal para
dar início a mais uma época prolífica de burlas online. De acordo
com dados do Centro Nacional de Cibersegurança (CNCS) cedidos
à Exame Informática, em março foram reportados 138 incidentes,
dos quais 57 eram relativos a campanhas de phishing – sendo que
uma única campanha pode ser dirigida a milhares de pessoas. Em
fevereiro, por comparação, tinham sido 75 os incidentes reportados,
dos quais 18 estavam relacionados com phishing. E os valores mais
recentes antes do fecho desta edição, apurados entre 1 e 6 de abril,
indicavam mais 26 incidentes de segurança informática, dos quais 14
eram phishing. “Ainda que apenas alguns destes incidentes estejam
diretamente relacionados com a temática da pandemia Covid-19, é
importante realçar que a atenção mediática provoca normalmente a
exploração do mesmo por atores maliciosos, através de campanhas
de phishing, ransomware e variadas formas de engenharia social”,
sublinha o CNCS através de e-mail. É por isso que vamos ajudá-lo
a criar barreiras de defesa contra burlas online: algumas podem
ser configuradas e atuam sozinhas, outras vão mesmo depender da
sua atenção. E é exatamente por aí que começamos. Vamos fazer
um pequeno diagnóstico à sua capacidade de resposta às burlas e
fraudes na internet. Preparado?
E tudo a pandemia mudou.
Nunca a vida dos portugueses
dependeu tanto do acesso
à internet e das ferramentas
digitais para entretenimento,
ensino à distância ou
teletrabalho. Mesmo quando o
fim do estado de emergência
estiver à vista, muitas das
lições apreendidas durante
a crise da Covid-19 são
para manter, sobretudo na
proteção da nossa vida digital.
Quantos mais motivos tem
para estar online, mais são as
oportunidades que se abrem
para burlões, tornando real
o perigo de se tornar vítima
de uma fraude. Nas próximas
páginas dizemos-lhe como
detetar um e-mail fraudulento,
como evitar o roubo de
informações no seu perfil
de Facebook e na Google,
como criar e-mails e cartões
de crédito descartáveis, assim
como ter palavras-passe
ultrasseguras. Está na hora
de meter trancas à porta,
de preferência antes
que a ‘casa’ seja roubada
Textos Rui da Rocha Ferreira