Exame Informática (Junho 2020)

(NONE2021) #1
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EDIÇÃO

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º


ANIVERSÁRIO


Atualmente, o poder computacional exigido para minerar
Bitcoins é gigantesco, mas no início da década passada
era possível gerar Bitcoins com PCs domésticos. Algures
entre abril e maio de 2011, durante os testes da nova
bomba gráfica da altura, a Radeon HD 6990 equipada
com dois processadores gráficos, fizemos um artigo
sobre as vantagens e desvantagens do CrossFire, a
tecnologia da AMD que permitia e permite juntar duas
ou mais gráficas para aumentar o desempenho. Para a
referida análise, montámos um sistema para comparar
o desempenho de duas gráficas Radeon HD 6970 em
Crossfire com uma Radeon HD 6990. Após o teste,
resolvemos aproveitar que a máquina estava montada
para perceber, na prática, como funcionava a mineração
da nova moeda digital que tinha aparecido em 2009 e que
começou a ganhar tração entre os entusiastas dos PCs
em 2010, com a chegada de aplicações que facilitavam
a mineração. Mas, as criptomoedas ainda eram um tema
relativamente obscuro para o grande público. O projeto
decorreu no laboratório da Exame Informática durante
cerca de uma a duas semanas, com o PC máquinas a
'minerar' 24h/dia. O que resultou em algumas Bitcoins.
A verdade é que ninguém se preocupou a registar o que
se conseguiu porque a criptomoeda tinha um valor muito
baixo – cerca de 20 a 30 cêntimos de dólar – e, sobretudo,
porque, devido a outros testes, tivemos de desmontar
apressadamente os sistemas. Algo que acontece
frequentemente no nosso laboratório em função de
novos lançamentos de produtos e da pressão das datas
de fecho das edições. O problema é que o disco rígido
usado na máquina que estava a fazer a mineração acabou
por ser formatado mais tarde para ser usado num outro
sistema para testar, se a memória não me falha, um novo
processador Intel. O que significa que a chave associada
às Bitcoins desapareceu. Foi uma destruição da carteira
de Bitcoins acidental. Mas, na verdade, uma consequência
de não termos dado muita importância à criptomoeda na
altura. Hoje, cada Bitcoin vale mais de €8000...


Lembro-me que sempre que ia a uma entrevista de
emprego e pediam para enunciar uma qualidade minha
respondia: “Organização”. Pouco tempo depois de
começar a trabalhar na Exame Informática, decidimos
fazer um teste às interfaces dos três operadores
de telecomunicações (Meo, Nos e Vodafone) para
saber qual proporcionava a melhor experiência de
utilização. Mas este teste tinha uma particularidade:
ia ser complementado com a participação de 100
assinantes, que viriam às nossas instalações
cumprir os desafios idealizados pelo Sérgio Magno
para nos dar um feedback mais abrangente. E, em
menos de uma semana, tudo se montou: três zonas
independentes com televisores e boxes, prémios
de participação, hospedeiras, catering, escalas
com marcações para 100 pessoas, etc. E percebi
que ainda tinha muito a aprender em termos de
organização nos três dias onde, de manhã à noite,
estive a acompanhar assinantes neste verdadeiro
teste de grupo. Conforme dizia, com um sorriso nos
lábios e a sua voz de rádio, o Pedro Oliveira, que foi
meu diretor durante cinco anos: “Exame Informática,
é sempre no ‘red line’!”. E estava certo. Afinal, a
Exame Informática é uma revista mensal, é um
programa de televisão semanal (ainda sou do tempo
em que havia dois por semana), é um site atualizado
diariamente, são publicações e vídeos nas redes
sociais, são prémios que distinguem o que de melhor
se faz em Portugal, são (ou foram) colaborações
com Visão, Expresso, Exame, Prima... Foi uma
primeira introdução a todo um admirável mundo novo.
Passados seis anos, faz ainda mais sentido a resposta
que dei ao meu pai quando ele me perguntou, em
2014, como estava a correr o meu novo emprego: “Já
estive na segunda liga das publicações de tecnologia,
agora estou no Benfica – não podia desejar melhor”.

SÉRGIO MAGNO


2011: O ANO EM QUE


DESTRUÍMOS BITCOINS


PAULO MATOS


2014: A MÁQUINA


EI PARA RECEBER


100 ASSINANTES EM CASA

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