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EDIÇÃO 300
um smartphone numa webcam, processo que explicamos
detalhadamente na secção Soluções desta edição.
ERGONOMIA: FUNDAMENTAL
Uma coisa é usar um portátil no colo e sentado num sofá durante
uma ou duas horas para compensar o trabalho que ficou por
fazer no escritório, outra completamente diferente é usar um
portátil durante horas consecutivas, vários dias por semana.
Muita gente que tem estado em teletrabalho já se apercebeu
desta realidade: afinal, não estávamos tão preparados para
trabalhar em casa como pensávamos. Naturalmente, deve
começar por seguir as regras básicas, como criar um espaço
adequado onde se possa concentrar e, se for o caso, manter-
-se isolado das outras atividades que decorrem na casa. Deve
usar um conjunto cadeira/secretária que lhe permita manter
uma posição confortável e com ângulos próximos de 90 graus
nos cotovelos e um pouco acima deste valor entre o assento
e o encosto da cadeira. Os pés devem estar bem apoiados no
chão, os ombros alinhados com os quadris e os olhos à mes-
ma altura da parte superior do ecrã. Ora, esta posição não
é compatível com a utilização de um portátil convencional.
Quando se usa um portátil diretamente, acabámos muitas
vezes com desconforto ou mesmo dores no pescoço porque
temos de olhar para baixo. Há duas soluções: colocar o portátil
numa posição mais elevada para o ecrã ficar ao nível certo
através de suportes criados para o efeito ou adaptados, o que
obriga à utilização de um teclado e rato externos, ou usar um
segundo monitor. O ideal será usar uma conjugação das destas
duas opções porque, deste modo, é possível usar um teclado
e um rato mais confortáveis do que os teclados e touchpads
normalmente integrados nos portáteis, e aumentar a área de
trabalho já que tanto o Windows como o Mac OS permitem
expandir facilmente o espaço de trabalho para dois ecrãs. Bem
mais interessante do que a simples clonagem do ecrã porque
permite ter mais apps abertas. Por exemplo, podemos usar o
ecrã mais pequeno para ter sempre visível o cliente de e-mail
ou a aplicação de trabalho enquanto usamos as aplicações em
que estamos a trabalhar no ecrã principal.
ECRÃ: A INTERFACE COM OS SEUS OLHOS
Nunca, mas mesmo nunca, desvalorize o ecrã de um portátil.
O ecrã pode fazer a diferença entre acabar o dia de trabalho
bem-disposto ou com fortes dores de cabeça e fadiga visual.
O erro mais comum: ecrãs brilhantes. Este tipo de ecrãs tor-
nou-se padrão nos portáteis de consumo porque permite um
design mais apelativo (vidro que cobre o painel e a moldura,
o que resulta numa maior uniformidade) e aumenta o con-
traste. Num visionamento rápido numa loja de eletrónica ou
informática, os ecrãs brilhantes conquistam mais facilmente
os utilizadores. Nos portáteis empresariais é mais habitual
usar-se ecrãs mate. No entanto, para poupar nos custos,
muitas empresas adquirem máquinas criadas para o grande
consumo e não portáteis verdadeiramente profissionais, e
acabamos muitas vezes a trabalhar com máquinas com ecrãs
brilhantes. O que resulta em reflexos poluentes, que obrigam
os nossos olhos a ‘lutar’ com o ponto de foco: entre os reflexos
e o conteúdo do ecrã. Este problema agrava-se quando há
fontes de luz fortes a incidir sobre o ecrã, com um candeeiro
ou uma janela junto ao posto de trabalho. S.M.
RESOLUÇÃO: NEM A MAIS, NEM A MENOS
Mais resolução é sempre melhor, certo?
Nem por isso. Ou melhor, a qualidade de imagem
ganha com a maior resolução. No entanto, uma
resolução muito elevada em ecrãs com diagonais
reduzidas pode conduzir a alguns problemas de
gestão da dimensão das aplicações, resultando,
por exemplo, em menus muito pequenos, que
criam dificuldades de leitura. Felizmente, as
aplicações mais recentes já respeitam as regras
de escalonamento do Windows 10 e permitem
ampliações de forma a compensar a resolução
extra. Mas nem sempre é assim. Atualmente, uma
resolução inferior a Full HD já é escassa para
algumas aplicações, mas só deverá optar por 2K
ou 4K em ecrãs mais generosos (com mais
de 15 polegadas). É verdade que é possível
baixar a resolução e, desse modo, aumentar
o tamanho dos elementos do ecrã, mas esta
opção tem efeito negativo na qualidade,
particularmente na nitidez.
MATE, SEMPRE MATE
No que ao trabalho diz respeito, fuja dos portáteis
com ecrãs brilhantes. São um desastre para a
fadiga visual. Prefira ecrãs com painel mate. Mas
garanta que têm bons níveis de contraste.
TIPO DE PAINEL: VA OU IPS
Há vários tipos de ecrãs LCD e cada um tem
vantagens e desvantagens. Se trabalha muito
com grafismo, prefira painéis do tipo IPS, que
garantem cores mais realistas e melhores
ângulos de visão. As opiniões divergem quando
se trata de aplicações baseadas mais em
texto, caso em que muitos monitores VA levam
vantagem por conseguirem melhores contrastes
e, desse modo, atingirem mais nitidez (texto mais
‘recortado’, por exemplo).
SEMI-PORTÁTIL OU PORTÁTIL?
Diagonais de ecrã mais pequenas permitem
maior mobilidade, mas penalizam a ergonomia. Se
precisa de transportar o portátil com frequência,
prefira modelos com ecrã até 14 polegadas e
opte por ter um monitor externo para quando
trabalhar à secretária. Por outro lado, se prevê
usar muito o portátil em cima de secretárias
sem monitor externo, recomendamos
um ecrã com mais de 15 polegadas.
O ECRÃ CERTO
PARA UM PORTÁTIL
DE TRABALHO