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EDIÇÃO 300
ADEUS CONTRAFAÇÕES,
OLÁ WEB 3.0
MAIS DE UMA DEZENA
DE ROBÔS EM SUA CASA
É difícil ouvir a palavra blockchain sem a associar a
criptomoedas – afinal, esta tecnologia de registos
partilhados e imutáveis foi pensada com o intuito
de criar uma moeda digital descentralizada que
desse maior poder aos utilizadores. Mas pensar
que blockchain é apenas criptomoedas é passar ao
lado de uma tecnologia que, segundo a consultora
CBInsights, já está a transformar perto de 60
indústrias, da logística à identificação pessoal,
passando pelas eleições, aluguer de veículos ou
compra e venda de ações. Daí que segundo a
IDC, valha mais de 11 mil milhões de euros já em
- A blockchain é o equivalente a um livro de
um merceeiro, mas em vez de existir apenas uma
cópia nas mãos do merceeiro, todos os clientes
têm uma e conseguem ver as transações
feitas – e não obrigatoriamente
por quem, já que as identidades
podem manter-se anónimas.
Cada novo registo feito neste
livro é ainda verificado
através de um consenso
dos clientes. Na área dos
direitos de autor, por
exemplo, o que isto significa
é que um artista pode criar
uma espécie de carimbo de
autenticidade para uma obra
que fica registada nesta base
de dados distribuída, seja uma
música ou uma fotografia. Sempre
que alguém tentar usurpar uma obra como
sua, em segundos isso será verificável. Dificilmente
a blockchain vai acabar com a pirataria, mas vai
tornar muito mais fácil chegar aos autores de tais
atos. Outra revolução apontada à blockchain é a
descentralização dos principais serviços web que os
utilizadores estão habituados a usar, como as redes
sociais. Em vez de o poder estar todo concentrado
nas mãos de uma empresa, como a Facebook por
exemplo, os utilizadores vão poder criar as suas
próprias redes sociais, com regras diferentes, mas
que serão capazes de comunicar entre si. “Surgiram
novas tecnologias que tornam a abordagem
descentralizada mais viável. A blockchain aponta
para uma série de soluções descentralizadas de
alojamento aberto e duradouro, governação e até
monetização. Há muito trabalho para ser feito, mas
o fundamental está lá”, disse o diretor executivo do
Twitter, Jack Dorsey, quando anunciou no final de
2019 que a tecnológica quer explorar uma forma de
tornar a rede social descentralizada. É a chamada
web 3.0, na qual os utilizadores reganham poder e
controlo sobre os conteúdos e os dados partilhados.
Só na blockchain Ethereum, já estão disponíveis mais
de 3000 aplicações descentralizadas (dapps). R.R.F.
Se a ideia de ter um robô em casa o assusta de
alguma forma, pense nisto: o que são a 'panela'
Bimby, o aspirador Roomba ou a coluna Amazon
Echo? Exato, robôs! Ter robôs em casa não é um
sonho, já é uma realidade, simplesmente ainda são
máquinas com capacidades específicas e limitadas.
Mesmo sem se aperceber, vai ficar com a casa
cheia de robôs, ainda que isso não signifique ter um
humanoide de metal a andar de um lado para o outro.
A empresa de análise MarketsandMarkets estima que
até 2024 o mercado de robótica doméstica cresça,
em média, 24% ao ano, para nesse ano valer 8,5
mil milhões de euros. Se olharmos especificamente
para os eletrodomésticos, a tendência é clara:
equipamentos cada vez mais capazes nas suas
tarefas e que integram mecanismos de inteligência
artificial para que possam tomar decisões sem a
sua ajuda. Já não precisa de ligar à mãe por causa
daquela nódoa na t-shirt, o algoritmo da máquina
ajusta a lavagem em conformidade. E o que chamar a
um frigorífico capaz de encomendar alimentos assim
que ficam em falta, como já fazem os frigoríficos da
Samsung? Se do ponto de vista das grandes tarefas
domésticas esta é a tendência na área da robótica,
no entretenimento e na segurança as previsões são
diferentes. As marcas estão a desenvolver pequenos
robôs, que se movimentam pela casa e que têm
um forte apelo social. Marcas de consumo como a
Samsung e a Sony já têm propostas neste sentido. O
Ballie, uma bola robótica da Samsung, foi criado para
captar fotos em família, ser usado como assistente
de fitness e intermediário com outros gadgets. O
robô doméstico está ainda longe daquela ideia de
um funcionário faz-tudo, como o da série animada
Jetsons. Os grandes robôs, aqueles dignos de
ficção científica, vão estar por enquanto reservados
a utilizações empresariais – supermercados,
aeroportos, armazéns – ou em ambiente citadino.
Enquanto lê este artigo, o cão-robô da Boston
Dynamics, o Spot, anda pelas ruas de Singapura a
alertar para a necessidade de recolhimento. O futuro
não está assim tão longe, está é muito distante das
nossas carteiras: o Spot custa o mesmo que "um
carro novo", segundo o fabricante, e o pequeno cão
Sony Aibo custa o equivalente a €2400. R.R.F.