Exame Informática (Junho 2020)

(NONE2021) #1

EDIÇÃO


300


/ PORTUGAL FAZ BEM

J


68

A BARREIRA


INVISÍVEL


O nome de PortCov
foi criado em tempos
da pandemia Covid-19
e pretende funcionar
como barreira desinfetante à
entrada de recintos públicos
ou com requisitos de higiene
mais exigentes. A startup
portuguesa já garantiu
mais de mil encomendas

Tex t o Hugo Séneca Fotos D.R.

oão Espírito Santo
não tem dúvidas de
que, no que toca à
higiene pública, há
um antes da Co-
vid-19 e um depois
da Covid-19. E para
acompanhar esse fator de mudança está
apostado em gerar um antes de PortCov
e um depois de PortCov. Hoje, essas duas
realidades já estão presentes num giná-
sio, numa clínica de medicina dentária
e numa fábrica. Para entrarem nesses
locais, todas as pessoas têm de passar
por um pórtico que mede temperatura
corporal, e desinfeta sapatos, roupa e
mãos – e desse modo funciona como uma
barreira de contenção da pandemia ge-
rada pelo vírus SARS-Cov-2. Em breve,
poderá haver muitos mais locais onde o
dispositivo poderá estar presente: “Em
menos de uma semana, registámos mil
pedidos de sistemas PortCov”, refere o
professor universitário e especialista em
cirurgia oral.
O PortCov foi desenhado para travar
os contágios da Covid-19, e por isso in-
clui os mecanismos especializados na
minimização de contágios – ou mesmo
na deteção de sintomas, como o caso do
estado febril que é estimado através de
uma câmara térmica ou de um sensor de
infravermelhos.
Nas medidas de assepsia, os mentores
deste projeto apostaram em aspersores
que pulverizam a roupa, e um tapete que

pretende eliminar microrganismos inde-
sejados nas solas dos sapatos. A desin-
feção das mãos é feita com uma solução
que contém álcool. No caso do tapete,
é usada uma solução de benzalcónio,
que já foi certificada por um laboratório,
enquanto nos aspersores direcionados
para a roupa é usada uma solução de
peróxido de hidrogénio, que também já
foi certificada para o efeito.
O pórtico resulta de uma ideia inicial
de João Espírito Santo mas evoluiu com a
ajuda de Hugo Azevedo, João Dias, Fer-
nando Ferro e Leonel Ferro. É este grupo
de sócios que criou a empresa PortCov,
com o propósito de produzir e vender
pórticos de desinfeção para diferentes
espaços públicos.

E DEPOIS DA COVID-19?
A Covid-19 terá dado o mote para o de-
senvolvimento deste pórtico – mas não
esgota as possibilidades já identificadas
para um futuro pós-pandemia. “Este

pórtico foi desenhado a pensar no lon-
go prazo. Hoje, podemos estar focados
na Covid-19, mas se calhar, dentro de
alguns anos, podemos estar focados na
Covid-24” explica João Espírito Santo.
O professor na Universidade Fernando
Pessoa está convicto de que os dispositivos
que promovem a assepsia em espaços
públicos vão passar a integrar os hábitos
dos cidadãos. “Mesmo depois da Covid-19
vamos continuar a ter vírus, bactérias e
fungos. Com este pórtico, podemos não
eliminar na totalidade, mas condiciona-
mos a potência desses microrganismos,
através destes agentes que ficam ativos
depois da pulverização”, sublinha.
A versão mais simples do PortCov, que

O PortCov foi desenvolvido por
Leonel Ferro, Hugo Azevedo,
João Dias, João Espírito Santo
e Fernando Ferro. Atualmente, o
pórtico tem sido usado nos acessos
a uma clínica dentária, a uma
fábrica e a um ginásio
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