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rogramar é um termo
abrangente e a cada dia
que passa é sinónimo
de mais competências.
Durante muitos anos,
programar era acima de
tudo criar software para
computadores. Mais
tarde passou a significar
também a criação de páginas e ferramentas
web. Depois vieram os dispositivos móveis e
muito do que se programou foi para aplica-
ções. E agora com a afirmação da Inteligência
Artificial e da blockchain, programar é dar
inteligência e autonomia às máquinas. Já há,
inclusive, projetos para ensinar as máquinas
a programarem-se sozinhas.
Programar é também uma palavra com
peso: o de uma atividade altamente espe-
cializada, associada a salários muito acima
da média e novas oportunidades de tra-
balho (ver Exame Informática nº 300), que
permite, a quem o souber, mudar o mundo
- que o digam Bill Gates (Microsoft), Mark
Zuckerberg (Facebook) ou Vitalik Bute-
rin (Ethereum). E se acha que já vai tarde
ou que lhe falta formação académica para
aprender a programar, engana-se: aquele
que é um dos maiores estudos de hábitos
de programação do mundo, feito pela pla-
taforma Stack Overflow, concluiu que um
quinto dos programadores aprendeu a escre-
ver código há menos de cinco anos e quase
30% não têm qualquer formação de ensino
superior. E se durante a aprendizagem ficar
empancado, não desespere, pois isto é algo
que até os programadores profissionais –
52,8% mais concretamente – dizem sofrer
com regularidade, com a maioria a revelar
que vai à procura de tutoriais e vídeos que
os ajudem a ultrapassar aquele problema.
Ou seja, as práticas que vai encontrar nas
próximas páginas ser-lhe-ão úteis para o
resto do seu tempo enquanto programador –
seja como passatempo, seja no futuro como
profissional.
Tenha em consideração que optámos por
sugerir cursos gratuitos, por serem mais
convidativos à experimentação e por não
obrigarem a um compromisso financeiro
enquanto não souber exatamente que tipo-
logia de programação quer aprender – e que
por serem gratuitos podem ter limitações no
material disponível em comparação com
cursos pagos. Deixamos opções de diferentes
níveis de dificuldade – iniciante, intermédio,
avançado – e que vão ajudá-lo a inteirar-se
com conceitos e ferramentas de programa-
ção web, Android, iOS e também para crian-
ças. Mas antes de começar, eis os primeiros
cinco passos que deve ter em conta.
FONTE: GITHUB, 2019
NO MUNDO
Javascript
Python
Java
PHP
C#
FONTE: LANDING.JOBS, 2020
EM PORTUGAL
Javascript
SQL
HTML/CSS
Java
Bash/Shell/
Powershell
LINGUAGENS
DE PROGRAMAÇÃO
MAIS POPULARES
OBJETIVO PARA PROGRAMAR
Quer criar um site? Uma aplicação? Quer
mudar de área profissional? Quer simplesmente
aprender como hobby? Podem parecer questões
cliché, mas são importantes para o início da
aprendizagem, pois os percursos vão ser
diferentes mediante os objetivos e vai querer
encontrar o que é mais indicado para o seu perfil
e ambição. Além disso, é importante ter um
objetivo de longo alcance definido e que o motive
durante toda a aprendizagem.
APRENDER CONCEITOS
DE CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO
Antes de aprender uma linguagem de
programação – deixamos-lhe indicadores de
popularidade aqui ao lado –, ajuda se souber
a lógica de como um computador funciona,
por isso comece por aprender conceitos de
ciência da computação e as terminologias mais
comuns nesta área. Também existem cursos
online gratuitos de ciências da computação – em
plataformas como a MIT Education,
Udemy ou Coursera –, mas pode complementar o
conhecimento com a leitura de livros.
Fica uma sugestão: Ciência da Computação,
de J. Glenn Brookshear.
TER CONHECIMENTOS DE INGLÊS
Este não é um requisito eliminatório, mas
consideramos essencial, no sentido em que
muito do material que existe para ajudá-lo a
programar está disponível em inglês. E não
falamos apenas de tutoriais ou dos cursos
disponíveis, falamos também da ajuda de
especialistas, de dicas em fóruns e até das
ferramentas e linguagens de programação
que vai usar. E a maior parte dos conteúdos
em língua portuguesa, incluindo entre os que
selecionámos, estão em português do Brasil.
GESTÃO DE TEMPO
Se quiser aprender ‘fora de horas’, isto é,
depois do trabalho ou de outras atividades, é
importante saber gerir o tempo. Quantas horas
por dia tem disponíveis para aprender? Se não
tem disponibilidade todos os dias, consegue
comprometer-se com períodos mais longos
em dias fixos da semana? Se este calendário
descarrilar, tem disciplina para recuperar o
tempo perdido? Um conselho: quando iniciar
a aprendizagem de programação, não fique
muito tempo sem treinar – tal como acontece
com os idiomas, se não colocar em prática pode
esquecer-se rapidamente do que já aprendeu.
PROCURE UM MENTOR
Aprender sozinho a programar é possível,
mas vai ser um processo de várias semanas
- quantas, ao certo, depende do seu objetivo,
nível de compromisso e vontade de aprofundar
conhecimentos. Por isso recomendamos que
procure um mentor: um familiar, amigo, colega
de trabalho ou contacto de uma rede social
que tenha experiência e esteja disponível para
esclarecer dúvidas. Se não tiver alguém, pode
sempre procurar em fóruns da especialidade.
A TER EM CONTA