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/ PORTUGAL FAZ BEM
Espacial Europeia (ESA em inglês), ano
em que volta a estar disponível uma dis-
tância favorável entre os planetas. Estes
projetos são críticos no sentido em que
são considerados como essenciais para
recolher mais informações sobre o quar-
to planeta a contar do Sol, vitais para
a tão ambicionada viagem tripulada a
Marte. Atualmente existem apenas três
propostas de missão em cima da mesa,
pertencendo duas à empresa SpaceX e
uma à NASA. A gigante norte-ameri-
cana propõe uma missão de envio de
carga e pesquisa ao planeta vermelho em
2022, seguida de uma missão tripulada
em 2024 – o que contando com seis a
nove meses de viagem, significaria uma
amartagem (pousar em Marte) apenas
em 2025. Para este efeito a SpaceX está a
desenvolver um mega-foguetão, o Super
Heavy, e a aeronave Starship, que será
capaz de transportar até 100 pessoas de
cada vez e aguentar múltiplas reentradas
na atmosfera, preservando o conceito
de reutilização que caracteriza a Spa-
ceX. Até 2050, já afirmou Elon Musk, o
plano é já ter transportado um milhão
de pessoas até Marte. Mas no caso de
Marte parece haver, claramente, dois
posicionamentos: se a SpaceX fala em
datas específicas para a missão, a NASA,
que já assumiu a vontade de ir ao planeta
vermelho, não arrisca uma data especí-
fica para que isso aconteça; além disso,
a SpaceX coloca uma chegada a Marte
ainda durante esta década, enquanto a
NASA fala em muitos anos de investiga-
ção na Lua antes de ser dado o passo a
caminho do planeta vermelho. E claro,
todos os desenvolvimentos relacionados
com Marte estão também dependentes
dos desenvolvimentos das missões an-
teriores, sobretudo relacionados com a
Lua – cada derrapagem deverá implicar
atrasos nas missões seguintes.
COWBOYS DO ESPAÇO
Voltar a colocar o Homem na Lua e
chegar pela primeira vez a Marte são
os grandes objetivos espaciais definidos
por agências estatais e empresas priva-
das do setor. Mas pelo caminho, e por
consequência direta destes dois gran-
des objetivos, vão acontecer inúmeros
desenvolvimentos, em diferentes áreas,
que nos vão aproximar mais do Espaço.
Uma das empresas que tem dado cartas
nesta área é a Virgin Galactic. A empresa
do multimilionário britânico Richard
Branson está a desenvolver uma aero-
nave, a VSS Unity, de voo suborbital,
mas que é suficiente para levar os pas-
sageiros a terem uma experiência fora do
planeta. Também a Blue Origin, de Jeff
Bezos, quer ficar com uma fatia deste
mercado – os foguetões mais pequenos,
conhecidos como New Sheppard, têm
como grande objetivo voos turísticos
suborbitais –, ainda que, como já vimos,
as ambições da empresa espacial sejam
muito mais abrangentes. Outro plano
que a Blue Origin também tem é o de
construir constelações de satélites, que
permitem ter internet de banda larga
em qualquer lugar do planeta. Mas aqui
é outra empresa de Elon Musk, a Starlink,
que também está na dianteira: já foram
enviados centenas de satélites que só
ficam operacionais em 2024.
E a partir do momento em que o Es-
paço fica mais povoado – e começa a
envolver mais dinheiro –, os países co-
meçam também a movimentar-se no
sentido de proteger os seus ativos. Os
EUA deram o tiro de partida, no final de
2019, com a criação da Força Espacial
dos EUA, aquele que passou a ser o sexto
ramo militar norte-americano e que já
está contemplado nos mais de 700 mil
milhões de dólares de orçamento de-
finidos para o ano de 2020. Mas não é
preciso ir ao outro lado do Atlântico para
ver movimentações nesta área – França
também vai investir 4,3 mil milhões de
euros até 2025 na área militar espacial.
Este valor permite ‘apetrechar’ a frota
de satélites franceses Siracusa: primeiro,
equipando novos satélites com câma-
ras para identificar possíveis atacantes
e outros perigos no Espaço; mais tarde,
com a integração de armas e lasers, para
danificar os painéis solares de outros
satélites, inutilizando-os, ou destruí-los
por completo. E se ter as maiores potên-
cias do mundo e os homens mais ricos
da atualidade a lutarem pelo domínio do
Espaço parece um enredo digno de um
filme, é pura coincidência.
A aeronave VSS Unity é primeiro
transportada por um avião de grande
dimensão. Depois, quando é largada,
dá-se a ignição do propulsor que vai
levar os turistas a um voo suborbital