(20200800-PT) Exame Informática 302

(NONE2021) #1
81

NOTA FINAL

ALTOS E BAIXOS

+

3,8
iOS (testado),
Android

Q


uando se acorda, sem memórias e num
mundo completamente desolado, não sa-
bemos quem somos nem para onde vamos.
Se por um lado é uma premissa vaga, por
outro é uma força invisível que nos obriga imediata-
mente a mexer, à procura de informação e contexto.
É assim que começa Outsider: After Life e basta um
par de minutos para que esteja a resolver o primeiro
quebra-cabeças. Esta é, aliás, a grande bandeira
deste jogo: só com a resolução dos desafios é que
conseguimos progredir na aventura. A qualidade
do jogo está, inevitavelmente, ligada à qualidade
dos quebra-cabeças. Os diferentes puzzles são de-
safiantes, cada um à sua maneira – alguns envolvem
lógica, outros timing, outros alguma paciência –, mas
acabam todos por ser acessíveis. Sentimos que houve
uma preocupação do estúdio Once a Bird em manter
o jogo inclusivo: desafiante o suficiente para nos fazer
sentir ‘orgulhosos’ da nossa performance, mas não
desafiante o suficiente que nos faça ir para a cama
a pensar na fórmula para resolver aquela charada.
Um bom ponto de equilíbrio, mas que por vezes
podia ter ido um pouco mais longe para agradar aos
‘puristas’ dos desafios lógicos. Enquanto saltamos de
puzzle em puzzle, vamos desembrulhando a histó-
ria: estamos sozinhos num planeta devastado, mas
isso não significa que não haja ajuda para procurar
noutros planetas. Sem revelar spoilers, a história
de Outsider: After Life tem um cunho futurista, de
ficção científica, mas com o qual nos conseguimos

relacionar, graças à personagem do jogo, que mesmo
sendo um robô, é frágil e está rodeado de uma solidão
que sentimos a necessidade de desfazer. Gostamos
do estilo artístico do jogo, mas por outro lado o am-
biente no qual se desenvolve podia ser mais rico em
elementos visuais e até mesmo em quebra-cabeças
secundários, escondidos, que nos obrigassem a virar
cada pedra e a ligar cada ecrã. Nota-se também
que é graficamente simplista e isso tira potencial a
um ambiente que, mais rico e com mecânicas de
jogo mais evoluídas, teria tudo para tornar-se num
indie de culto. Além disso, este é um jogo que está
pensado para dispositivos móveis e há desafios que
usam elementos de grande pormenor que quem tiver
um smartphone de ecrã mais pequeno pode sentir
dificuldades em perceber. O grande destaque do jogo
é o ambiente sonoro. Das músicas de fundo ao sons
dos elementos dos puzzles, sentimos que o estúdio
acertou ‘na muche’ com o trabalho sonoro. Este é
daqueles jogos que apesar de não o dizer explici-
tamente, precisa de ser jogado com auscultadores
para que possamos sentir a experiência. No final,
é este o sentimento que fica: não sendo um jogo
brilhante de quebra-cabeças, Outsider: After Life
é uma experiência muito agradável e desafiante.
Se o preço do jogo podia ser mais acessível para
aquilo que disponibiliza? Podia, mas pense que
está a ajudar a garantir o futuro de um estúdio
português e, quem sabe, uma sequela a um estilo
de jogo difícil de criar. Rui da Rocha Ferreira

A VIDA É UM QUEBRA-CABEÇAS


Desenvolvido pelo estúdio português Once a Bird, este jogo vai envolvê-lo
numa experiência sonora de qualidade e testá-lo na resolução de desafios

OUTSIDER: AFTER LIFE €4,49

Mais do que ter
efeitos sonoros, este
jogo dá-nos uma
experiência auditiva

Pontos extra
por a Once Bird
ter apostado
num género de jogo
pouco explorado

Sentimos falta de
desafios secundários
e pequenos
segredos que
nos agarrassem
mais aos níveis

Algumas mecânicas
de jogo podiam
ser graficamente
mais evoluídas
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