(20201000-PT) Exame Informática 304

(NONE2021) #1
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eletrificação dos veículos traz, como vamos explicar nas
próximas páginas, várias vantagens ambientais, econó-
micas e funcionais, como maior desempenho, menor
manutenção e mais conforto. Apesar das reservas iniciais,
habituais sempre que se muda de tecnologia ou paradigma,
hoje há um consenso muito alargado sobre a eletrificação
da mobilidade. Mesmo os fabricantes automóveis mais
reticentes a avançar para a eletrificação, normalmente
mais por razões económico-financeiras e não tanto por
motivos técnicos, já começaram o caminho que a maioria
dos especialistas considera sem retorno.


O MOTOR DA MUDANÇA
Uma transformação que foi acelerada pelos novos regu-
lamentos impostos pela União Europeia a partir de 2020,
conhecidos por CAFE (Corporate Average Fuel Economy).
É verdade que algumas marcas já vinham a apostar na ele-
trificação há vários anos, sobretudo por razões ambientais,
mas foi a ameaça de multas de milhares de milhões de
euros, valores capazes de levar fabricantes à falência, que
conduziu ao anúncio de tantos novos modelos de carros
elétricos e eletrificados desde o final de 2019.
Há uma série de variáveis consideradas pelo CAFE,
mas, numa explicação simplificada, as marcas automó-
veis têm de atingir uma média de emissões máxima de
95 gramas de dióxido de carbono por quilómetro. Cada
grama acima deste valor origina uma multa de €95... por
carro vendido. Ou seja, um carro a gasolina com, por
exemplo, emissões de 125 gramas dióxido de carbono
por quilómetro (CO2/km), um valor que é até baixo no
parque automóvel, representa uma multa potencial de
€2850. Se a marca vender 50.000 unidades deste mo-
delo, então a multa potencial será de quase 150 milhões
de euros. Isto significa que se se mantivessem as vendas
de 2019, alguns fabricantes teriam de pagar multas de
milhares de milhões de euros. Isto significa que os carros
mais potentes a gasolina e gasóleo vão desaparecer?
Não, porque, como referido, o que importa é a média.
Ou seja, se, por exemplo, a marca vender dois carros,
um híbrido plug-in com emissões de CO2 de 50 gramas/
km e outro a gasóleo com emissões de 120 gramas/km,
o resultado médio será de 87,5 gramas CO2/km, bem
abaixo do exigido.
Um cálculo que considera os carros (ligeiros de passa-
geiros) efetivamente vendidos e não, como anteriormen-
te, a gama da marca. Ou seja, antes desta nova regula-
mentação, além das emissões médias permitidas serem
significativamente superiores, bastava aos fabricantes
terem um ou dois modelos de baixas ou zero emissões


em comercialização para reduzir a média. Daí várias
marcas terem apresentado modelos elétricos conside-
rados de conformidade (compliance cars), como carros
elétricos que, apesar de existirem oficialmente na gama,
tinha vendas quase nulas porque apresentavam preços
demasiado elevados e/ou eram produzidos em quan-
tidades muito limitadas. Com a nova regulamentação,
praticamente todas as marcas automóveis aceleraram o
lançamento de carros elétricos ou eletrificados (híbridos)
com o objetivo real de os conseguir vender, sobretudo a
partir deste ano, de modo a ficarem abaixo das emissões
médias de 95 gramas de CO2/km. É importante referir que
as exigências sobre emissões vão continuar a progredir
nos próximos anos, o que significa que as marcas terão
cada vez mais dificuldades em conseguir respeitar as
regras ambientais se tiverem uma quota de venda muito
assente nos veículos não eletrificados. Os resultados são
evidentes: ao contrário do mercado global das vendas de
automóveis que, devido à pandemia, sofreu uma forte
contração, a venda de veículos elétricos tem crescido este
ano em Portugal. De acordo com os dados mais recentes,
o crescimento dos veículos elétricos na primeira metade
de 2020 foi de uns espantosos 35%. Um valor tanto mais
admirável quando consideramos que o mercado global
desceu cerca de 46%. Tudo isto faz com que os elétricos
já representem um pouco mais de 10% das vendas de
automóveis em Portugal (ligeiros de passageiros).

HÍBRIDO É ELÉTRICO?
Veículos elétricos (VE) são aqueles que podem ser movidos
de modo totalmente elétrico e cuja bateria pode ser car-
regada a partir de uma fonte de energia externa (plug-in).
Ou seja, os híbridos sem tomada para carregamento não
são considerados veículos elétricos. Os VE dividem-se em
duas grandes categorias: 100% elétricos (BEV – Battery
Electric Vehicle) e híbridos plug-in (PHEV – Plug-in
Hybrid Electric Vehicle).

HÍBRIDOS: NÍVEIS DE ELETRIFICAÇÃO
Para se reduzir as emissões de gases tóxicos e o consu-
mo e/ou aumentar o desempenho, os fabricantes têm
vindo a eletrificar as motorizações, juntando motores
elétricos e baterias aos motores convencionais. Nestes
veículos, como nos veículos 100 elétricos, os motores
elétricos também funcionam como geradores de energia:
sempre que se trava, desacelera ou se deixa rolar, as
rodas transmitem energia ao motor elétrico que, deste
modo, se transforma em gerador e produz energia que
é acumulada na bateria.

MILD-HYBRID
Este é o primeiro nível de eletrificação. Nestes veícu-
los, também conhecidos por semi-híbridos, é usado
um pequeno motor elétrico capaz de ajudar o motor de
combustão em determinadas situações, normalmente
nos arranques e quando o condutor acelera ‘a fundo’, o
que permite aumentar a potência e binário disponíveis e
reduzir o consumo de combustível. Esta tecnologia per-
mite poupanças de combustível e de emissões que podem
chegar aos 15 porcento, sobretudo em circulação urbana.

Textos Sérgio Magno
Fotos D.R.
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