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metálicos estranhos, como muitas vezes
acontece com o primeiro Fold. Se está a
pensar que esta arquitetura significa que
será difícil manter o smartphone total-
mente fechado ou totalmente aberto,
desengane-se, porque nestes dois extre-
mos entra em funcionamento uma mola
que ajuda a manter a posição de modo
ainda mais persistente. Não há dúvida,
o mecanismo de abertura e fecho é uma
notável obra de engenharia.
Além de esta solução transmitir uma
ideia de maior solidez e durabilidade,
permite outras funcionalidades e méto-
dos de trabalho. Por exemplo, podemos
ter o Fold 2 aberto estilo notebook e usar
a parte de baixo do ecrã como teclado
virtual. Ficámos com um pequeno por-
tátil de bolso. Depois de algum tempo
de treino, já conseguimos teclar a uma
velocidade assinável usando vários dedos
das duas mãos. Está longe de ser uma
solução ergonómica, mas ‘desenrasca’
muito bem em várias situações.
Outra vantagem desta capacidade é
podermos apoiar o smartphone facil-
mente em cima de uma qualquer base
para fazer fotos ou vídeos à distância.
Do mesmo modo que já acontecia com o
Z Flip. O ecrã principal fica dividido em
dois: a parte de cima mostra a imagem
captada pela câmara e a outra metade do
ecrã apresenta os controlos e o preview
das imagens já guardadas. Mas encon-
trámos uma falha nesta app. Se clicarmos
no botão para usar a câmara em modo
de um único ecrã – situação em que a
imagem fica a ocupar quase todo o ecrã
–, o botão de disparo (obturador) fica
exatamente na zona da dobra. O pior
sítio possível porque, com o smartphone
(ou mais) em simultâneo. E não há outro
smartphone do mercado tão bom neste
aspeto. É fácil, através dos atalhos da
interface da Samsung (swipe a partir
da extremidade lateral do ecrã), dividir
o ecrã em duas partes. O que, na prática,
equivale a termos dois ecrãs de cerca de
6,4 polegadas de diagonal lado-a-la-
do. Generoso, sem dúvida. Sobretudo
sob o ponto de vista de uma utilização
profissional. Durante o teste habituá-
mo-nos rapidamente a, por exemplo,
copiar informação da app de contactos
para o e-mail e vice-versa, ou usar, em
simultâneo, a folha de cálculo com as
análises dos benchmarks e o processador
de texto. Seria muito fácil apresentar ‘n’
exemplos de como esta multitarefa faz,
de facto, a diferença quando usamos o
smartphone para trabalhar. É uma no-
vidade? Longe disso. É possível dividir
o ecrã para usar duas apps em muitos
outros smartphones. Mas a grande di-
ferença é que, no Fold 2, temos a área
de ecrã suficiente para que esse tipo de
utilização faça sentido.
Dito isto, também é importante re-
ferir que é notório que o Android não é
um sistema pensado de origem para o
multitarefa. E que a interface da Samsung
ainda pode evoluir muito neste capítulo.
Muitas apps simplesmente não se adap-
tam bem a esta solução. Por exemplo, é
normal estarmos a trabalhar numa app
em ecrã dividido e, de repente, essa app
passa para ecrã total simplesmente por-
que tocamos numa das opções da app,
obrigando o utilizador a recompor o ecrã.
Fica claro que há muito para evoluir neste
capítulo. Ou seja, a grande vantagem de
ter um ecrã grande e dobrável é ainda
apenas... ter um ecrã grande e dobrá-
vel. Certamente tanto a Google, como
a Samsung e os produtores de software
têm muito para melhorar neste capítulo.
MULTIMÉDIA E JOGOS
Voltamos ao mesmo. Um ecrã grande faz
toda a diferença. Depois de se jogar em
7,6", os ecrãs dos smartphones ‘normais’
sabem a pouco. Até porque, em regra, a
resolução dos jogos é adaptativa, o que
significa que usam todo o ecrã.
E há desempenho para tirar o melhor
partido dos jogos porque o Fold 2 está
entre os mais poderosos smartphones
do mercado, tanto em processamento
geral, como em processamento gráfi-
co. Só os Asus ROG Phone 3 e Zenfone
7 Pro conseguiram melhor nos nossos
testes. Ainda mais porque podemos tirar
parcialmente dobrado, torna-se difícil
usar este botão. Fácil de resolver, é claro,
com uma atualização da app da câmara.
CÂMARA BOA,
MAS NÃO EXCELENTE
A análise que fazemos da qualidade de-
pende sempre da nossa experiência. Isto
para dizer que depois de se testar as capa-
cidades fotográficas do Note 20 Ultra, este
Fold 2 não entusiasma. Ou seja, apesar
de este ser o smartphone mais caro da
Samsung, não é o terminal da marca com
as melhores câmaras. Uma das maiores
diferenças para o Note 20 Ultra é o zoom,
que é apenas de 2x no Fold 2. Confessa-
mos que já estamos a ficar habituados a
ter mais zoom num terminal de topo e
sente-se essa falha no Fold 2.
Ainda assim, é possível obter imagens
de qualidade muito satisfatória. Tanto em
fotografia como em vídeo. Ao contrário
de outras marcas, que optam por exage-
rar nos algoritmos criados para tornar as
imagens mais apelativa – olá pessoal da
Huawei –, a Samsung prefere apostar no
realismo. O que se repete no Fold 2, que
consegue cores e iluminação realistas.
O modo noturno, sem conseguir aque-
las fotos deslumbrantes dos melhores
Huawei, é convincente.
Em suma, no que à fotografia (e vídeo)
diz respeito, o Fold 2 cumpre perfeita-
mente, embora não seja a melhor esco-
lha para quem dá prioridade absoluta
às câmaras.
MULTITAREFA: QUASE LÁ
Uma das maiores vantagens de termos
um ecrã grande é a possibilidade de mul-
titarefa, ou seja, de usarmos duas apps
Depois de algum
treino, consegue-se
usar o Z Fold 2 em 'modo
notebook'. Prático para,
por exemplo, responder
a um mail urgente