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Quando a startup do Instituto de Medicina Molecular
Lymphact foi comprada e estabeleceu uma parceria
com um gigante da biotecnologia, a empresa japonesa
Takeda, tornou-se mais real o sonho de muitos em-
preendedores, e candidatos, pelo país fora.
“Ainda há muito poucos referenciais de grande su-
cesso e é importante que estes existam para inspirar
outros. O ecossistema é muito jovem e as pessoas pen-
sam que é algo muito complicado, sujeito a um ciclo
muito longo e às vezes nem chegam a tentar,” observa
Miguel Botto, diretor de investimento da Portugal
Ventures, para a área das Ciências da Vida. “Persiste
uma imagem negativa, criada a partir de casos nos
primórdios, quando ninguém em Portugal sabia
fazer este tipo de investimentos”, recorda. Des-
de 2014 que a capital de risco estabeleceu uma
unidade de negócios especializada na área
das Ciências da Vida e Miguel Botto reforça
que “claramente há espaço para este setor,
que do ponto de vista científico é dos mais
relevantes em Portugal.” Mas não será um
negócio de quantidade. “Não podemos estar à
espera de que apareçam muitos projetos”, admite.
Apesar disso, há exemplos de norte a sul do país,
em áreas de ponta como o desenvolvimento de medi-
camentos para o cancro e os dispositivos médicos – o
que facilmente poderá comprovar nas paginas que se
seguem. Para a decisão de apoiar ou não uma ideia,
acaba por pesar a tendência mundial, que a inovação
também está sujeita a modas. “Procuramos setores
que sejam alvo de grande interesse porque, uma vez
que a capacidade financeira é reduzida, temos de ter
presente que vamos precisar de parceiros no futuro”,
explica Miguel Botto. “Não podemos apostar em so-
luções cientificamente muito interessantes, mas de
uma área comercialmente pouco atrativa. A lógica
de mercado nem sempre coincide com a lógica cien-
tífica”, sublinha. Independentemente das modas, a
base para o sucesso nesta área é sempre a mesma: ter
uma formação sólida e provas dadas na investigação.
Porque, como refere o responsável, “só havendo ciência
extremamente avançada é que é possível fazer vingar
nos mercados globais.”
20%
DAS PATENTES
SUBMETIDAS POR
ENTIDADES PORTUGUESAS,
NA ÚLTIMA DÉCADA,
NA ÁREA DAS CIÊNCIAS
DA VIDA
150
MÉDIA ANUAL
DE PATENTES NA ÁREA
MÉDICA (28º LUGAR NOS
37 PAÍSES DA OCDE)
1.398
MILHÕES DE EUROS
EM EXPORTAÇÕES
NA ÁREA DA SAÚDE,
EM 2017
NÚMEROS